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terça-feira, 5 de março de 2013

Frank Sinatra - Songs For Swingin' Lovers


Estava analisando meu gosto musical há cinco anos atrás, e meu gosto hoje. Fiquei impressionado quando vi quantas coisas que eu gostava e hoje odeio, e quantas coisas eu detestava e hoje eu amo. Pensei nisso enquanto ouvi um CD do The Mamas & The Papas - Monday Monday; California Dreamin', sabe? -, lembrava que não gostava nenhum pouco deles até não faz muito tempo; naquele dia achei bem bacana.

A história é a mesma com Big Band. Sempre simpatizei com jazz, mas gostava mesmo dos gêneros mais experimentais e dos discos intrumentais - Miles Davis, John Coltrane, Eric Dolphy... -, por algum motivo, quando um crooner entrava na jogada, eu achava extremamente chato. Hoje eu consigo ver a qualidade e o valor cultural de caras como Nat King Cole, Chet Baker (que também fez parte do cool, por um tempo, e era um trompetista fenomenal), Sammy Davis Jr., Dean Martin e, o mais conhecido, Frank Sinatra.

É dele o álbum sobre o qual escreverei hoje. A discografia do Sinatra é muito extensa, mas, como ele não compunha as músicas, os discos são normalmente divididos por gênero, ou compositor, ou até músicas de natal. No caso desse álbum, são músicas pop standarts americanas, com um tom mais puxado para o jazz e para o swing, com uma batida mais rápida, mesmo as músicas se tratando de baladas românticas.

É difícil falar das faixas, pois são todas grandes clássicos, que você pode não reconhecer de nome, mas logo nos primeiros momentos da melodia já se tornam extremamente familiares. Por exemplo, I've Got You Under My Skin e You Make Me Feel So Young, são difíceis de não se reconhecer - exceto para aqueles que não se importam muito com música.

Uns podem dizer que esses crooners, como o Sinatra, são artistas incompletos por não comporem as próprias músicas, nem mesmos prepararem seus arranjos, mas eu discordo. Outro dia, há muito tempo atrás - quando eu ainda tinha e assistia televisão -, vi um talk show com o Elvis Costello como entrevistador. O convidado era o grande Elton John, que disse, não necessariamente com essas palavras, que compositores tinham se tornado algo cada vez mais raro; a maior parte dos músicos modernos compõem as próprias músicas, até aqueles que não deveriam nunca fazer algo assim. Isso resume bem minha ideia. É fácil ser músico/cantor/compositor, tudo de uma vez, quando se é medíocre em todos esses fatores - claro que existem aqueles que conseguem executar todas essas tarefas de forma competente, mas são gênios e uma grande minoria na música atual. As composições desse disco são ótimas, beiram a perfeição. Os autores dessas obras são gente como os Ira e George Gershwin e Cole Porter, para citar uns exemplos. As letras e melodias alcançam um grau de poesia raro, ou quase inexistente, hoje em dia. As músicas conseguem tratar de temas mundanos, como o amor e o cotidiano, mas encaixando a letra na métrica perfeita que a melodia exige, sem tornar a obra pobre ou fácil.

Além disso, Frank Sinatra não é só um cantor qualquer. O timbre dele tinha uma beleza natural, sem firulas vocais e invenções desnecessárias. Era o que era e acabou, fim de história. Outra coisa rara de se ver hoje em dia, infelizmente... Talvez seja isso que resuma o álbum todo - "coisa rara de se ver hoje em dia, infelizmente..." Fico feliz por ter pego o gosto por esse gênero de música e espero que o leitor sinta o mesmo.

Nota: 5/5
 







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