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sábado, 7 de setembro de 2013

Gov't Mule - Dose (1998)


Depois de resenhar Jefferson Airplane, queria, para meu terceiro álbum dessa série de posts, uma banda que fosse diretamente influenciada pelo som daquela época, não tanto daquela banda especificamente, mas com músicos que nasceram em 60 e eram novos demais para fazer parte da magia, ainda assim viviam cercados dela. Estou falando da geração que perdeu os Acid Tests, o Verão do Amor e Woodstock, e agora, já adultos, decidiram reviver a época a sua maneira.

Não pude pensar em músicos mais apropriados para isso que Gov't Mule, mas, antes, um pouco de história. O leitor já ouviu falar de The Allman Brothers Band? Acho bom que sim, se não, saia da cadeira, ajoelhe-se, peça perdão - não me importa para quem, apenas se retrate -, vá ao google e corrija esse problema. Voltou? Bom, então você viu que eles são uma banda lendária, na ativa até hoje e que passaram por diversas mudanças de formação. Na década de 90 - grande retorno da banda -, esta consistia de Warren Haynes na guitarra e Allen Woody no baixo. Estes dois se juntaram ao baixista Matt Abst (que tocou com o guitarrista Dickey Betts, ex-membro da Allman Brothers), e deram luz à Mula.


E é com esse caminhão de música (Blind Man In The Dark) que o disco se inicia, definindo o tom e o padrão de qualidade para todo o restante do álbum, que foi o segundo da banda. Já se torna notável, então, que se trata de um disco pesado, altamente distorcido e com toques de blues aqui e ali, mas, num geral, um ótimo exemplo de como fazer rock. É assim o álbum todo, com faixas relativamente longas (batendo uma média de 6 - 7 minutos).

Nem todas, contudo, seguem esse blues rock, meio ZZ Top (boa fase), meio Allman Brothers. Os músicos de Gov't Mule gostam de exibir suas qualidades, sendo assim, o disco inclui duas faixas instrumentais, Thelonius Beck e Birth of the Mule, cheias de improvisos e muito mais próximas do jazz que de qualquer outra coisa, que servem de homenagem a Thelonius Monk e Miles Davis, respectivamente. Essas duas retiram qualquer duvida que um ouvinte desavisado pudesse ter quanto à qualidade dos músicos do grupo.


Mas não é só por serem fodas que eles são conhecidos. Warren Haynes, além de ter uma das melhores vozes da atualidade, tem um conhecimento musical enciclopédico e, portanto, quando ao vivo, a banda faz muitos covers, fazendo inclusive álbuns inteiros dedicados a essas homenagens (Led Zeppelin e Pink Floyd, por exemplo). Esse disco contém duas dessas versões, uma após a outra, She Said, dos Beatles, e John, The Revelator, gospel tradicional mais conhecido na versão de um dos inventores do blues, Reverend Gary Davis.



A melhor parte desses covers é que eles não seguem os arranjos originais, ou seja, eles têm motivo de existir, trazendo uma nova roupagem à música, ao mesmo tempo que pagando tributo aos artistas. Não ouvi um cover ruim deles ainda, mas esses especificamente eu quase chego a preferir em comparação com as originais, principalmente John, The Revelator, que, mesmo eu não sendo um cara religioso - longe disso -, é muito intensa.

O álbum também faz questão de compensar o ouvinte pelo gasto, sendo, não só uma obra de qualidade, mas ao mesmo tempo longa, com mais de uma hora de duração, o que está acima da média de um CD único normal. Eles não economizam nas faixas, nem no tamanho delas, tampouco lançam qualquer merda para cobrir espaço, todas as músicas seguem o mesmo padrão de qualidade.


Navegando pelos mares do rock, do blues e do jazz, e mantendo-se nas melhores fases desses gêneros, Dose é um dos melhores álbuns da década de 90, o que não é uma afirmação vazia ou fácil. As faixas longas podem atrapalhar alguns ouvintes não iniciados, mas eu realmente gosto de improvisos e invenções instrumentais, quando feitas com propósito e alma, e isso não falta nessa banda. Os sete minutos das faixas chegam a passar rápido demais, honestamente, então, não considero isso um problema, embora alguns possam ver dessa forma. Indicado, ou melhor, obrigatório para todos que gostam do gênero e sentem falta de algo novo e bom.

Nota: 5/5

Obs.: repararam que meus parágrafos andam mais curtos nessas resenhas? Pois é, estão entre 3 e 7 linhas agora, ao invés das 15 que eu costumava usar. Isso foi por causa da Luana, que mantém esse blog. Ela me disse que seria mais confortável encurtar e, embora eu já tivesse ouvido falar que parágrafos curtos são melhores - só ignorava esse fato -, decidi seguir o conselho e ver como eu me sentia. Gostei, por isso estou aqui fazendo propaganda grátis do blog dela, porque a ideia foi boa. Não só por isso, ela também posta um conteúdo de qualidade por lá e vocês deviam dar uma olhada. Só cuidado se você estiver com problemas financeiros, ela fica postando sobre promoções de livrarias e isso acaba com o orçamento de qualquer um. Então, já falei, vão lá dar uma olhada e sigam o blog. Ah! Não relacionado a isso - na verdade só estou citando isso aqui para poder formar um parágrafo comicamente longo, só para fazer uma ironia ao fato de que eu disse estar seguindo a ideia de encurtar os parágrafos (o que eu realmente estou fazendo, mas achei que seria engraçado anunciar dessa maneira...sei lá, é meu humor, só que agora eu expliquei e não tem mais graça. Ou talvez a explicação, também comicamente longa, possa ter sido capaz de segurar a graça dessa bobagem...merda, esqueci o que eu ia falar com esses parênteses...lembrei!). Então, a banda Gov't Mule está lançando um disco novo esse mês, mais especificamente dia 25, então haverá resenha. Talvez até uma parecida com a que eu fiz com Deep Purple, escrevendo enquanto eu escuto o disco pela primeira vez. Se bem que isso ia ser uma resenha bem longa, já que o disco vai ser duplo...não sei, depois penso nisso. Não se esqueçam, sigam o blog da Luana, repito, sigam o blog da Luana. Ah! (de novo) Foi por causa dela também que eu fiz essa playlist que ninguém viu. Acabou a graça da piada, né? O problema é que eu não sei como terminar. Acho que vou parar, então, sem explicação

2 comentários:

  1. HAHAHAHA Que humor maravilhoso, ein! Mas, bá, minha ideia foi boa mesmo. As indicações foram maravilhosas. Aliás, sigam o blog da Luana!

    http://gimmeflowers.blogspot.com.br/

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    1. Vê se pode, ficar fazendo propaganda de graça no blog dos outros...gente abusada, viu.

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