Olá, você que ainda esbarra com esse canto obscuro e empoeirado da internet. Eu lancei um livro semana passada. Tá na Amazon. Talvez você goste de ler.
O link: https://tinyurl.com/yy394a8y
Meus agradecimentos a quem vier a comprar. Comprou? Leu? Gostou? Deixa lá um comentário pras pessoas ficarem sabendo que o livro é bacana.
O formato de quadrinhos hoje
conhecido como graphic novel é
encarado de forma diferente pelo mercado literário; por fazer boas estórias com
“conteúdo”. Esse formato é defendido como literatura (ou algo que chegue perto
de...) para os defensores suados e tetudos de quadrinhos, e ignorado por
rabugentos literatos. Quadrinhos como: Do Inferno, Maus, Palestina, Azul é a Cor
Mais Quente, etc. são quadrinhos “cults” literários, mas aí vai o meu
questionamento: o que seria literatura dentro dos quadrinhos? Numa discussão
com um amigo aqui de Fortaleza falei que algo como cinquenta tons de cinza é
considerado literatura arbitrariamente ou não, mas se por acaso fizerem uma
graphic novel desse livro, iai? Continua sendo literatura? Ou nunca foi
literatura? Já nasceu como algo sem definição, pois se trata apenas de entulho
comercial? A discussão se alastrou, até que o assunto quadrinho de heroi venho à
tona. Eu como bom cuequinha verde; comprei a briga do bátema. “Cinquenta tons
de cinza é mais literatura que Cavaleiro das Trevas”. Isso me frustrou um
pouco, mas cinquenta tons... só é literatura por quê? Porque tem mais
caracteres-palavras-simbolos do que uma HQ. Um quadrinho é só figuras? A arte
visual de um quadrinho pode atrair péssimos leitores e transformá-los em porra
nenhuma. Como a literatura, também, pode criar leitores vorazes que tem
preconceito de ler Spirit, Fantasma, Homem-aranha... porque acham que
quadrinhos seria algum tipo de arte menor, entendem?
Os quadrinhos foram essenciais na
minha formação como pessoa. Passei do Groo para Stevenson com o tempo, mas
nunca me desliguei do universo dos comics. Eu poderia fazer uma lista de
quadrinhos de herois que são bem melhores que certos livros (de escritores consideráveis
até). O víeis comercial existe em qualquer coisa: até no lixo. Os quadrinhos não
são consideráveis obras de arte por que tendem a buscar um público mais popular,
porém, isso pode ser destacado mais com a advento de hollywood cuspindo
blockbuster todos os dias, derrubando qualquer visão mais crível dos
quadrinhos. A literatura essa vadia; não tem critério para carimbar textos.
Lembremos o acontecimento da Patrícia Secco querendo deixar Machado de Assis
mais “legível”. DEIXAR MACHADO DE ASSIS MAIS LEGIVEL? Porra, me ajuda aí... então,
o Fábio Moon e o Gabriel Bá fizeram isso. Eles transformaram O Alienista do
Machado em quadrinhos, em quadrinhos, em quadrinhos! Eles deixaram então Machado
de Assis mais legível, interrogação? Agora no pique. A literatura às vezes se
veste de pavão, e os quadrinhos às vezes de hiena. Existe o esnobismo de ambos: isso é
mais visto por parte dos quadrinhos — por incrível que pareça, pois nos quadrinhos a
massa de fanáticos-lunáticos é bem maior que os fanáticos-lunáticos da literatura.
Vai ser muita mais fácil você ver alguém com a cueca por cima da calça do que
você imagina.
Os quadrinhos deveriam ter um
melhor destaque dentro da arte. Os grandes autores de quadrinhos vivem a margem
de uma insurgência editorial que nunca irá acontecer. Fico um pouco com uma
sensação agridoce: triste/alegre pelo fato do cinema derrubar mais ainda o ato
da leitura no geral. É bom ir ao cinema assistir o filme baseado no quadrinho
(livro), mas também, é muito melhor você ler o quadrinho do homem-aranha e
descobrir que ele é muito melhor do que aquilo que você assistiu no cinema. Leiam
quadrinhos de herois (ou não) e repassem para os seus filhos: A Última Caçada
de Kraven, Demolidor Ano Um, Batman Ano Um, Lobo Solitário (mangá), O Que Aconteceu
ao Homem de Aço, Miracleman (esse último vale muito comprar, a panini vem
publicando recentemente as primeiras estórias do Alan Moore, foi um avanço na
forma de escrever estórias de heroi). Eu mesmo com toda essa baboseira, ainda
considero cinquenta tons de cinza literatura, pois sem esse livro não existiria
esse pensamento, essa logística de mercado l... enfim, o que vocês acham ser
literatura no mercado atual: Paulo Coelho? Autoajuda? Augusto Cury? Autoajuda? Maria
Bethânia lendo Fernando Pessoa, ganhando um milhão para fazê-lo, é
literatura? José Dirceu? Pensem sobre isso, se turma da Mônica não é, então, o
que poderá ser?
Eu não sei você, mas sinto certa hipocrisia por parte das pessoas que dizem que quadrinhos podem ser literários, ou jogos, enfim, meta aí qualquer substantivo que você pensar, e acrescente "literário" como adjetivo. Essas mesmas pessoas, porque tem gente "fã" de literatura que também vê certos quadrinhos como literários, condenam o fato de um livro, ou da própria literatura mesmo, por exemplo, ter logo depois os adjetivos "cinematográfica", "quadrinhística", ou então, "jogável" (se é que isto existe).
ResponderExcluirClaro que não desmereço o valor estético-artístico dos quadrinhos que se "assemelham" à alta literatura ou algo assim, mas pessoalmente acho que as pessoas estão supervalorizando demais a literatura, como se dentre todas as artes ela fosse o epítome da Arte em si; bem, pelo menos, a narrativa.
Queria que os livros (ou a literatura) também fossem reconhecidos como "quadrinhísticos" ou "cinematográficos". Até acho que deve existir trabalhos assim, só não são reconhecidos; nem pelo público de livros e nem pelo próprio público de quadrinhos ou de cinema.
Acho que isso pode-se resumir no verbo "elitizar". As pessoas elitizam os quadrinhos dando-lhes o adjetivo "literário", e acham que empobrece a literatura dando-a os adjetivos que mencionei acima.
No fim isso é um pensamento incrustado na sociedade desde que o conceito de alta arte surgiu. Não vai mudar nada saber disso. Eu só queria apontar a hipocrisia das pessoas.