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"Não há solidão maior que a do samurai, exceto pela do tigre na selva...Talvez..." - Bushido (Livro do Samurai)
É com essa citação que começa O Samurai, clássico de Jean-Pierre Melville. Frase muito apropriada e que define o clima para o resto do filme, que até hoje serve de influência para tantos outros filmes e diretores, como John Woo, Quentin Tarantino, Luc Beson e Jim Jarmusch, este último que chegou a fazer uma adaptação desse filme pelo nome de Ghost Dog.
Jef Costello (Alain Delon) é um assassino profissional e solitário com a missão de matar o dono de uma casa noturna de Paris. Pela primeira vez, ele comete erros, é visto e levado pela polícia como suspeito e, mesmo mantendo um álibi perfeito graças à Jane Lagrange (Nathalie Delon), os detetives tentam de todas as formas, lícitas ou ilícitas, descobrir se ele é ou não o culpado. Ao mesmo tempo em que ele é perseguido por toda uma investigação, seus empregadores também estão atrás dele e, portanto, se tornam o próximo alvo.
Essa é a sinopse de um filme de ação como outro qualquer, no entanto, em 1967, era muito original e pode-se dizer que foi ele quem criou todos os clichês usados hoje em dia até a exaustão. Criar talvez seja uma expressão muito forte, já que o cinema é uma arte antiga, e muito de O Samurai vem dos velhos filmes noir de Hollywood na década de 40 e 50, mas foi ele quem estilizou o gênero e transformou naquilo que hoje é algo tão influente. O assassino silencioso, contemplativo e mortal, essa figura arquetípica veio da interpretação icônica de Alain Delon, que se tornou um ídolo de seu tempo e até hoje mantém seu respeito na indústria cinematográfica.
Falando de estilo, antes de Melville, o cinema francês passara pela Nouvelle Vague, que havia acabado de passar pelo seu auge, com Jean-Luc Godard, François Truffaut e Jacques Rivette, com seus orçamentos baixos, cenas silenciosas e longas, e cigarros. Foi isso que ele trouxe aos filmes de ação e é por isso que é difícil classificar O Samurai como um filme desse gênero, afinal, pouca coisa acontece nele. Até com relação ao diálogo, a primeira palavra só é dita após uns quinze minutos de filme, e a segunda só acontece dez minutos depois disso. O Samurai tem um clima silencioso, calmo e contemplativo, tal qual o assassino que protagoniza o enredo, contudo em nenhum momento ele fica chato.
A atuação é a parte mais interessante. Jef Costello é um personagem frio e solitário, por isso ele exprime pouquíssimas emoções durante a história, mesmo assim ele não parte nem um pouco do seu carisma. O espectador é levado a se importar com o personagem, mesmo ele não tendo nenhuma qualidade que o redima. O fato é que os heróis (polícia) são tão ruins quanto ele, levando em consideração seus métodos para arranjar um culpado. Chega ao ponto que é preferível o assassino sair impune do que ver aqueles cretinos tendo algum sucesso em suas operações. O que pode ter sido uma crítica social de Melville, mais não quero exagerar na análise.
O Samurai é entretenimento que não perde o valor artístico, nem peca ao valorizar mais o estilo sobre o conteúdo. É equilibrado, bem feito e suficientemente interessante. Meio que uma aula de cinema para o mundo moderno, que tem milhões para gastar em efeitos, mas esquecem o quanto pode ser feito com menos.
Nota: 5/5 (preciso assistir um filme ruim urgentemente, minhas notas estão muito caridosas nessas últimas resenhas)
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