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sábado, 3 de agosto de 2013

Smultronstället [Morangos Silvestres] - Ingmar Bergam (1957)


Primeira aparição da lenda do cinema sueco nesse blog e o segundo filme dele que eu assisto, e já adianto, Ingmar Bergman está se tornando meu cineasta favorito. Morangos Silvestres (Smultronstället) é um dos principais títulos da extensa filmografia desse artista e talvez o mais aclamado, salvo por Sétimo Selo, seu predecessor. 


Dr. Isak Borg (interpretado pelo pai do cinema sueco, Viktor Sjölström, e é notável a grandiosidade de sua pessoa devido às duas tremas em seu nome), velho médico e intelectual, passa os últimos dias de sua vida em total isolamento, exceto por sua empregada, Agda (Jullan Kindahl), com a qual ele divide uma relação platônica quase-conjulgal, e sua nora Marianne Borg (Ingrid Thulin), que o despreza por motivos pessoais. Isak sonha com a morte se aproximando, até que é convidado a receber um prêmio em homenagem aos seus tantos anos como doutor, então ele segue viagem até a cidade em que se realizará a entrega, junto de sua nora e três jovens que ele conhece no caminho, que pretendem ir até a Itália. Nesse trajeto, Isak busca o perdão de Marianne e tem a chance de rever, por meio do sonho, toda a sua infância, juventude, e até o momento do seu julgamento final.


Muito como a obra completa de Ingmar Bergman, Morangos Silvestres é um exame do envelhecimento, da morte, da existência de deus e as implicações de sua possível não existência, e da inutilidade desse debate (deus ou não-deus), exemplificada durante a briga física entre os dois jovens que vão de carona com Isak (um ateu o outro católico), finalizada pela frase dita pela terceira jovem (que vive uma espécie de triângulo amoroso inocente com os dois), Sara (Bibi Anderson): "queria que eles brigassem desse jeito por mim." Além de tratar também da estrutura da família, desde as tradições desprezadas por Bergman, que tratavam a criança como um objeto incapaz de opinar e o pai como um controlador absoluto abaixo apenas da igreja e do rei (nessa ordem).


O filme inteiro é um espetáculo visual, principalmente nas partes de sonho. Intensamente emocional, mas ao mesmo tempo divertido e até engraçado em alguns momentos. A ironia da escrita de Bergman quebram o clima denso da temática (morte) deixando a obra leve de se assistir, deixando de lado aquela fama do cinema arte de ser tedioso. Morangos Silvestres entretém, espanta e faz pensar, ao mesmo tempo que oferecer atuações impecáveis e reais, merecedora de todos os anos de respeito e clamor.

Nota: 5/5


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