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sexta-feira, 12 de abril de 2013

Yeopgijeogin Geunyeo (Minha Garota Bizarra) - Kwak Jae-Young


Ultimamente eu ando fazendo uma pesquisa sobre o cinema asiático. Não só o japonês, mas o coreano, o chinês e de toda essa multidão de povos. Há uns dias atrás foi a vez de Hong Kong e agora eu cheguei na Coréia do Sul, com o grande sucesso comercial Minha Garota Bizarra (gosto de usar os nomes originais, mas tenta escrever essa porra desse título em coreano). Geralmente, os filmes estrangeiros que eu resenho são artísticos, cult; não dessa vez, agora eu vi um filme comercial. Tão comercial, que chegou a ser comparado a Titanic, em sua terra natal.

O enredo é bem simples. Kyun-Woo (interpretado por Tae-hyun Cha, seja ele quem for) - mas, como o nome é complicado e ele tem uns lábios à boneca inflável, o chamarei de Zé Beiça (ia chamar de Betty Boquete, mas achei que ia ficar muito forte...) - encontra uma garota bêbada no metro (garota essa que se mantém sem nome ao longo de todo o filme, mas é interpretada por Gianna Jun, também, seja ela quem for). Zé Beiça é, na primeira parte do filme, chato pra caralho. Ele é um moleque fresco, meio criado pela avó - embora, na realidade, ele não tenha sido criado pela avó, só parece -, que, de início, não gosta da garota, por ela estar bêbada e garotas bêbadas o enojam (vai entender esse cara!). Então eles fazem uma piada com estupro, que eu achei que demorou pra chegar, considerando que é um filme asiático. Aí os dois vão se aproximando, a história se desenvolve, a garota revela ser uma espécie de Moe, dos Três Patetas, no meio do filme. Aquele vai-e-vem, típico de comédia romântica, mas, nesse filme, muito diferente do padrão.

Mantenho minha opinião: garotas asiáticas me lembram coelhos.
 Eu não faço ideia do que achar desse filme. Nunca odiei e amei, ao mesmo tempo, tanto assim um filme. Em alguns momentos ele é original, sensível e muito bonito. Em outros é uma montanha de clichês e atos sem sentido, que me fizeram gritar: "Puta que o pariu, filme! Eu queria gostar de você, mas você me apronta uma dessas, vá se foder!" Sério, alguns encontros e desencontros são tão forçados que chegam a dar raiva, a trilha sonora é extremamente chata e algumas atitudes dos personagens, principalmente do Zé Beiça, que é um boca-mole do caralho, são absurdas. No entanto, acho que o problema não é do filme, nesses quesitos. O problema sou eu, pois isso deve se tratar de uma questão cultural. O senso de humor oriental é completamente do ocidental e, pelo visto, não é bem o meu senso de humor.

Só que, com todos os defeitos, não posso dizer que não gostei do filme. Quer dizer, o crítico metido que vive dentro de mim está furioso por me ver admitindo isso, mas ele é muito bom no que se propõe a fazer - contar uma história simples, altamente relacionável e no contexto cultural da Coréia. Eu posso achar absurdo os dois namorarem por meses e não se beijarem nem uma vez (sexo, então, nem é mencionado direito, salvo por uma piada envolvendo uma camisinha), mas isso não quer dizer que o filme seja ruim. Os personagens se desenvolvem muito bem e a Moe, com o tempo, vai justificando suas atitudes, não por meio de clichês, mas motivos reais, que fazem com que o espectador se sensibilize com ela. E a Gianna Jun é uma excelente atriz, que consegue passar esses sentimentos ambíguos e todo o conflito interno para a tela. Não gostei do Zé Beiça, mas, em alguns poucos momentos, ele também demonstra crescimento e até se torna uma criatura suportável.

Aparentemente, a história é quase verdadeira e foi, antes de se tornar filme, um livro best-seller na Ásia, que nunca foi traduzido para o português e, acho eu, nenhuma língua ocidental. É um filme falho, mas, se você está atrás de um entretenimento leve, para assistir com uma namorada, por exemplo, é perfeito - repito, no que se propõe a fazer e não como cinema arte. Achei melhor que a maior parte das comédias românticas de Hollywood, até mesmo a aclamada e já resenhada por estas bandas "Lado Bom da Vida", e muito melhor que Titanic, que não passa de um romance barato e forçado, inserido numa tragédia real, para aumentar o drama e ganhar bilheteria. Enfim, um bom filme.

Nota: 4/5

Um comentário:

  1. Excelente crítica!

    Vivo assistindo doramas (novelas e filmes asiáticos) coreanos e já estou acostumada. Estou cansada de assistir novelas em que os personagens se casam, mas não rola nenhum beijo. Isso é super comum nas novelas e nos filmes de lá. Eu acho que depende muito do público para qual o filme está sendo feito.

    Rebecca

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