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quinta-feira, 18 de abril de 2013

Murder by Death (Assassinato por Morte) - Robert Moore


Se tem um gênero que é difícil de se acertar é a comédia. Primeiro porque o gênero já é desprezado logo de cara. Hoje o termo comédia foi explorado ao ponto de quase nada ter graça, já que qualquer sátira meia-boca e mal feita pode receber o título de "engraçado". Segundo e diretamente relacionado ao primeiro, além dos filmes de ação e terror, nenhum outro gênero tem tantos maus representantes de seu nome. Na verdade, diria até que a comédia lança filmes piores que os gêneros ação e terror juntos. Terceiro, na comédia existem muitos jogos de palavras, por isso, é fácil se perder na tradução, quando não se tem um domínio razoável de um idioma. Não concorda? Procure uma piada qualquer em inglês e tente traduzi-la para o português, sem perder nem um pouco do efeito cômico. Enfim, o que eu quero dizer com tudo isso é que comédia é um gênero difícil de se trabalhar, mas, ao mesmo tempo, desprezado, por culpa de certas maçãs podres. Assassinato por Morte é um bom representante do gênero.
 
 

O enredo trata do milionário excêntrico, Lionel Twain (interpretado por Truman Capote), que vive em uma mansão altamente tecnológica e cheia de truques, que convida os melhores detetives do mundo para um jantar em sua extravagante residência. Lá, Capote (esse não é o nome do personagem, mas, me desculpem, pra mim é impossível separar os dois e eu já explico o motivo) lança um desafio aos detetives, informando-lhes que haverá um assassinato naquela mansão, à meia noite, e que, se eles fossem realmente os melhores, seriam capazes de deduzir quem é o culpado. Nesse contexto é que são geradas as situações cômicas, satirizando os romances de suspense.
 

Essa foi uma comédia divertida. Nada muito hilário ou espetacular, mas me entreteve e não foi apenas uma risada barata, mas deu pra perceber que existiu um mínimo de esforço durante a preparação desse roteiro. Os tais melhores detetives, não são apenas estereótipos vazios, mas sátiras reais dos grandes gênios da percepção literários, por exemplo: Hercule Poirot (Milo Perrier), o Falcão Maltês (Sam Diamond), Charlies Chan (Sidney Wang), Ms. Marple (Jessica Marbles). Além disso, todas as deduções de um detetive, são rebatidas com as de outro, seguidas com uma espécie de "crítica literária" ao autor real do personagem, fugindo das barreiras satíricas do filme, sendo, o final, uma grande crítica deles todos por parte de Truman Capote.
 
 E é por isso que eu não consegui separar esse personagem de seu intérprete. Capote não é exatamente um bom ator, pois ele apenas age como ele mesmo. É verdade que Charlie Sheen fez isso durante a maior parte da carreira dele e não foi criticado por causa disso, mas é estranho quando se trata de uma pessoa com uma presença tão grande - embora ele mesmo fosse de baixíssima estatura. O mais engraçado é que, no livro "Música para Camaleões" - coletânea de contos de Truman Capote e último livro terminado que ele publicou -, em seu conto final, Capote faz uma espécie de entrevista consigo mesmo e admite ter aceito esse papel apenas pelo dinheiro - eu achei engraçado. Outro fator que torna difícil de separar Lionel de Truman, é a implicância dele com o inglês de Sidney Wang (interpretado pelo grande comediante Peter Sellers), lembrando que Truman Capote prezava pela perfeição na linguagem.
 
Enfim, um filme engraçado. Nada espetacular, com algumas piadas boas e outras nem tanto. Um bom elenco, mas com alguns defeitos de interpretação. Uma diversão para o fim de semana.
 
Nota: 3,5/5




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