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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Sheik Yerbouti - Frank Zappa (1979) - Resenha

Olá, você que ainda esbarra com esse canto obscuro e empoeirado da internet. Eu lancei um livro semana passada. Tá na Amazon. Talvez você goste de ler.

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Seguindo o que eu comecei ontem, nesse negócio de fazer críticas sobre álbuns que eu adoro e meus músicos favoritos, percebi que eu tenho esse blog a uns 10 meses e até agora eu não mencionei em nenhum post o grande Frank Zappa. Não quero sair por aí me adiantando no texto, como eu faço sempre, mas esse cara é um gênio. Definitivamente está no Top 5 dos meus músicos favoritos (independente de gênero e época).

Mas você, menininho juvenil, que nunca teve o prazer de deixar os sons do Zappa atravessarem seu canal auricular, deve estar se perguntando o que é que faz desse tal Frank Zappa um cara tão foda, para que eu - eu, tão exigente que sou - estar falando tão bem dele? Ora, "explicar-lo-ei" seu moleque insolente. São inúmeras as razões que tornam Frank Zappa um cara foda. Primeiro de tudo, ele é um músico foda pra caralho, compositor de alta qualidade, capaz até que compor umas sinfonias e reger orquestras - quantos músicos hoje são tão bons? -; fez com que eu conhecesse Stravinski, Bartok e Shostakovich, seus músicos favoritos e grandes influências - então eu estou devendo uma para ele por causa desse conselho -; não tinha medo de meter o pau em todo o mundo, todo o mundo mesmo; foi um dos principais defensores da liberdade de expressão da música, quando a Liga das Donas de Casa Puritanas (que incluía a Tipper Gore, esposa do Al Gore) decidiram que certos temas e palavras não deveriam nunca ser usados na música; compôs e gravou, aproximadamente, 60 álbuns - em vida e póstumos -; trabalhou em quase todos os gêneros musicais disponíveis, do rock ao blues ao jazz ao erudito ao doo-wop, além de satirizar, e muito, a música pop de sua época e, principalmente, a música disco; se não bastasse, olha essa porra desse bigode que ele cultivava! O cara tem que ser foda para manter um troço desses e não parecer um completo idiota. E isso é só um resumo.

Queria falar sobre ele já faz tempo, mas não sabia por qual álbum começar. Se pelo primeiro, se pelos mais experimentais, se pelos mais comuns, se pelos mais populares. Então decidi pelo Sheik Yerbouti, que é um dos favoritos do povo, além de ser uma boa introdução a obra desse gênio. 

O disco foi gravado em 1979 e, por isso, apresenta uma série de mudanças no som da banda do Zappa. Foram adicionados os teclados e sintetizadores, típicos da década de 80, só que não tanto a ponto de estragar as músicas. Seus alvos são, como sempre, políticos da época, encanadores filhos da puta, a fase pop do Peter Frampton, música disco, mulheres judias (música pela qual ele foi processado, embora ele mesmo fosse judeu e só estivesse falando a verdade nas letras), adolescentes revoltados. Como eu já disse, ele critica tudo, tudo que há de ruim nesse mundo.

Começando por uma discreta sátira da música "I'm in You", do Peter Frampton. Uma baladinha romântica, falsa pra cacete, da qual o Zappa faz uma versão sincera chamada "I Have Been In You" (fica pra sua imaginação a letra). A letra, bem lembrado Raphael, tenho que falar das letras. É muito importante prestar atenção no que é dito durante as músicas, mesmo que você não fale inglês, pegue uma tradução na internet e leia. As letras são metade do disco. Sem elas, a música mais famosa da bolacha, "Bobby Brown" (sobre um jovem bem sucedido que, com o passar da vida, descobre seus verdadeiros desejos sexuais e passa a aguentar turnos na "tower of power" e toma "golden showers". Chupa essa E.L. James), é simplesmente incompreensível e desnecessária.

Mas nem tudo é sacanagem em Sheik Yerbouti, a faixa título do álbum é um tango instrumental, que remete a fase mais experimental da banda e é extremamente interessante. "Dancing Fool", é uma sátira forte ao movimento disco, que assolava o mundo naquela época, com seus filmes, suas danças e discotecas. Flakes, é a música já mencionada, sobre mecânicos canalhas, que aparecem na sua casa, não fazem porra nenhuma e ainda são pagos pra isso - com direito a imitação do Bob Dylan no meio da música.

Nada é ruim nesse CD, quase nada é ruim na extensa discografia do Frank Zappa. Se você conhece, já sabe tudo isso que eu falei. Se não conhece, ajoelhe no milho, peça perdão a alma de Zappa e de seus ancestrais, volte aqui e corrija esse erro.

Nota: 5/5



Wanna buy some mandies, Bob?



2 comentários:

  1. Nunca ouvi nada deste cantor e sendo sincero não gostei das músicas.
    Beijo
    Gabriel - Corações de Neve

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    Respostas
    1. Isso é normal. Zappa é um desses que ou você ama ou odeia. Ele não fazia muito esforço para agradar o grande público.

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