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domingo, 24 de fevereiro de 2013

Amour (Amor) - Michael Haneke - Resenha


Lembram quando eu disse, na resenha de Intocáveis, que o filme era bom, mas extremamente americanizado. Esse é seu exato oposto - extremamente francês, embora austríaco. Já aviso que minha opinião aqui não será imparcial, como sempre, pois este filme me tocou de forma extremamente pessoal e seria impossível para mim analisá-lo friamente. Tenho uma avó de 89 anos, também passando por uma série de problemas de saúde e, consequentemente, alguns dos dilemas apresentados no filme, eu vi acontecendo comigo e com a minha família, mas isso não vem ao caso.

Li algum crítico dizer, em alguma resenha na internet que Michael Haneke é um misantropo, o filme, Amor -apesar de seu título -, apresenta tudo em sua história, exceto amor. Concordo em partes com essa afirmação. Acho que, depois de Funny Games (Violência Gratuita), tornou-se mais que óbvia a misantropia do Haneke - não que isso seja algo ruim. Agora dizer que não existe amor nesse é extremamente errado.

O filme começa pelo fim, com um grupo de policiais e bombeiros invadindo uma casa e encontrando o corpo de uma velha senhora, esticado na cama. Começar pelo fim é comum em muitos filmes do gênero. Mas nesse existe um motivo diferente pra essa estratégia. É o diretor dizendo: "está vendo essa personagem? Nas próximas duas horas eu vou te contar uma história e, durante o desenvolvimento você vai desejar todos os possíveis desfechos, exceto esse que eu acabei de lhe apresentar. Sabe o que você pode fazer quanto a isso? Nada! E adivinha, esse vai ser o desfecho da sua vida também, então acostume-se com essa impotência." Repito, misantropo.

Após a apresentação da conclusão, somos apresentados ao enredo. A senhora que morreu era uma ex-professora de piano, casada com um senhor, cuja profissão ou não foi apresentada ou eu não peguei (filme em francês - idioma que eu domino muito pouco - com legendas em inglês - sou fluente nesse, mas posso ter me perdido alguma vez). Descobre-se que a senhora não está bem de saúde e precisa de operação. A operação não dá muito certo e ela perde o movimento de um lado do corpo. O tempo passa e a coisa piora. Fico por aqui, para não estragar a experiência de ninguém.

Não é um filme de superação, não é um filme feliz, não é um filme leve. Assista com isso em mente, você não vai sair da sessão com um sorriso nos lábios. O amor entre os idosos é extremamente tocante e faz você pensar no seu próprio fim e, principalmente, o fim daqueles que você ama. Abre espaço para muita reflexão e interpretação, até porque o final não é mastigado. Um dos melhores filmes que vi esse ano.

Nota: 5/5

2 comentários:

  1. Que legal! Parece ser muito bom, eu gosto de filmes assim, desses que o final nem é tão feliz e da forma que todos esperam que sejam.
    Como em Jogos Vorazes, muita gente reclamou do final, mas foi bem realista.

    Vou assistir, depois digo o quer achei. :)

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    Respostas
    1. Nem tão feliz é pouco nesse caso. O filme é triste, extremamente triste e realista. Mas muito bom, mesmo assim.

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