Com a estréia de Machete Mata se aproximando, que tal revisarmos a carreira desse diretor, começando de seu primeiro filme. Aquele que deu início, não só a sua fama, mas também à trilogia do Mariachi (El Marichi, Desperado, Once Upon a Time in Mexico), e provou que é possível fazer um bom filme sem gastar muito dinheiro.
O enredo não foge muito do básico dos filmes de ação. Um mariachi viaja de cidade em cidade buscando seguir os passos de seu pai, que foi músico, mas, como os tempos mudaram, perdeu a carreira e se tornou um alcóolatra. Enquanto isso, um assassino que guarda suas armas em um estojo de violão, sai em busca de vingança contra um traficante que lhe deve dinheiro. O traficante manda todos os seus capangas atrás do assassino, mas ele é confundido com o mariachi, já que nenhum deles sabe nada sobre a aparência do alvo, exceto que ele se veste de preto e carrega um estojo de violão. Eles acabam sendo confundidos e o resto você pode imaginar.
Ok, ouvindo esse enredo, o filme não parece lá grande coisa, certo? Certo, e realmente ele não é nada muito grandioso. As atuações tem alguns pontos altos, mas em média são muito ruins, o que é de se esperar já que nenhum dos atores do filme eram profissionais e sim donos de negócios locais que concordaram em fazer parte do filme como voluntários - sim, eles não ganharam nada pelo trabalho -, e a história também é bem batida, até mesmo pra um filme de ação. Mas a obra tem um charme, um diferencial perante os outros filmes do gênero. Ele é bem escrito, tem diálogos interessantes apesar da má execução, e, embora a produção seja amadora, é muito bem feito, com alguns erros de continuidade esperados, porém que não chegam a distrair.
Vamos aos fatos, Robert Rodriguez, que mais tarde seria conhecido por filmes como Desperado (Balada do Pistoleiro), Machete, Sin City e Pequenos Espiões (não é piada), fez El Mariachi com um orçamento de US$ 7.000,00. Para fins de comparação, as continuações desse filme custaram mais de 7.000.000, o que ainda é considerado pouco para um filme de ação. É um filme muito barato, mas mesmo assim não parece amador. E, mesmo que o próprio diretor diga que isso prova que qualquer um pode fazer um filme, eu discordo. Muitos diretores, mesmo com orçamentos exorbitantes, não conseguem acertar com as suas obras. Primeiro de tudo, dirigir atores não-profissionais não é uma tarefa fácil, mas mesmo assim ele conseguiu. Sem falar que as cenas são muito bem filmadas, não consegui reparar em nenhum microfone aparecendo nem nada dessas coisas tão comuns em trabalhos amadores. Amadores, porque, convenhamos, esse é o melhor filme amador já feito, tanto que chamou a atenção de uma grande produtora, que gastou mais um milhão para levar o filme aos cinemas. Muitos dizem que esse milhão deve ser considerado no orçamento, mas não, ele não ajudou muito a produção do filme, só o marketing e distribuição, que não costuma ser somado.
El Mariachi tem defeitos, e muitos, mas é um ótimo passatempo, com momentos engraçados, bons diálogos e boa ação. Faz com 7 mil o que muitos não fazem com milhões, e por isso tem minha aprovação.
Nota: 4/5
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