Meio que me envergonho por admitir que, mesmo tendo visto um número razoável de filmes e conhecendo um bom número de diretores, essa foi minha primeira experiência com David Lynch. Enfim essas coisas acontecem e não tenho nada a dizer sobre isso além de que resolvi esse problema e agora sei bem o que andei perdendo durante todo esse tempo. Essa resenha tem por objetivo falar um pouco sobre o filme e qual foi minha impressão, não necessariamente interpretá-lo. O próprio Lynch se recusa a explicar seus filmes e disse que, em toda a sua carreira, não leu uma crítica que o interpretasse corretamente. Se isso é verdade ou não, não sei, mas não vou ser eu que vou tentar ser o primeiro a acertar.
A história é sobre Jeffrey Beaumont (Kyle MacLachlan), jovem que veio visitar a família após o derrame de seu pai, que encontra uma orelha decepada, enquanto caminha pela vizinhança. Ele a leva até o investigador da delegacia, que pede para que ele não se envolva mais no caso. No entanto, por ser apaixonado por mistérios e porque, se ele não se envolvesse, não haveria filme, ele pergunta para a filha do investigador o que ela sabe sobre o caso e os dois iniciam uma pequena investigação individual, descobrindo que o mundo por trás da vida suburbana de classe média que eles vivem é estranho e, por vezes, cruel. Ao conhecer a perturbada cantora, Dorothy Vallens (Isabella Rossellini), e se envolver com ela e sua relação com o criminoso Frank Booth (Dennis Hopper, no papel determinante de sua carreira), ele presencia toda essa crueldade obscura da sociedade.
Se você conhece o David Lynch, sabe que ele é um original. Se não, com certeza já ouviu seu nome e o peso que ele carrega. Simplificando ao máximo a história, Blue Velvet é um suspense, com todas as características comuns do gênero e o mesmo andamento, tenso do começo ao fim. O que o torna um original, é tudo que passa ao redor da história e a forma que ela é contada, sua atmosfera em geral. Francamente, é muito difícil falar sobre esse filme, sem entregar pedaços importantes da história ou sem soar incrivelmente vago.
Partindo do momento em que Jeffrey é "levado pela orelha", sua vida se torna um pesadelo, e é justamente dessa forma que ela é narrada, ou assim parece. Isso é típico de Lynch, uma mescla de sonho com realidade, separadas por uma parede finíssima, isso quando separadas. Blue Velvet é bizarro, divertido, belíssimo, tenso, assustador, é bizarro, é bizarro - e tudo isso ao mesmo tempo. É uma experiência e tanto, que eu indico para todos que querem conhecer a obra desse cineasta. Até arriscaria dizer que esse é o filme para aqueles que querem explorar o cinema "arte", pois ele consegue contrabalançar esses dois mundos (entretenimento e arte) perfeitamente. Nem sei mais o que dizer, então lhes deixarei com essa fala: Heineken? Fuck that shit. Pabst. Blue. Ribbon.
Nota: 5/5
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