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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Chris Robinson Brotherhood - The Magic Door


O leitor vai ter que me perdoar se pela metade dessa resenha eu perder a coerência, o motivo é que, sempre que faço uma resenha de um álbum, tento escrever enquanto o escuto, para passar a impressão mais direta que a música me passa. O novo disco do Chris Robinson Brotherhood (CRB para os íntimos) me fez passar pela porta mágica e entrar em alfa, estou em meio a uma viagem astral cósmica e não quero mais voltar.

Você, que assim como eu, acompanha este blog com frequência, sabe que eu já fiz uma análise de três partes da Black Crowes (banda da qual Chris Robinson foi vocalista) e CRB fez parte do finado momento cultural. Sei que existem milhares de outras bandas por aí, mas a culpa não é minha que ninguém hoje em dia é tão profissional a ponto de lançar dois álbuns em um mesmo ano, ambos excelentes, pois é, queria manter o mistério por pelo menos um outro parágrafo, mas não consegui, The Magic Door é um excelente disco. É tão bom quanto seu antecessor, mas não é mais do mesmo, é possível ouvir os dois, um após o outro, sem ter a impressão que é tudo a mesma merda (viu Rush? É possível! Vocês já foram assim um dia).

Não é um álbum para todos. Já deve ter dado para perceber que eu som fanático pela psicodelia. Se eu pudesse voltar no tempo, para qualquer momento da história, eu não tentaria salvar a Terra de um grande desastre, prevenir um assassinato, ou mesmo concertar um momento da minha vida (e olha que existem vários que eu gostaria de revisitar com meu conhecimento e experiência atual). Eu iria voltar para o período de '66 até '69. Sim, eu não me contentaria só com Woodstock, eu gostaria de fazer parte do movimento. Me juntaria a algum grupo hippie, que vagava pelos EUA, de São Francisco a Nova York em uma combi velha, com nada além das roupas do corpo, uns instrumentos velhos, qualquer esmola que nos dessem e uma plantação de erva. Gostaria de ir aos velhos Acid-Tests, o Summer of Love, Woodstock e todos os outros concertos da época. É isso tudo que esse disco representa. Toda essa era, mostrar que ela não foi esquecida ou assassinada. Está dentro de alguns de nós e, não só pode, como deve ser revivida. Tudo na história volta, então porque não o amor livre, as drogas e a música boa.

Voltando ao álbum. Não é nenhum segredo que Chris Robinson é um Deadhead da 2ª ou 3ª geração (década de 80), se ainda havia alguma dúvida, acaba aqui. Desde a primeira faixa eu pude sentir aquele clima Grateful Dead da música. Aquela mistura rock, blues, jazz, country, ácido e improviso, que só o Jerry Garcia e equipe conseguiam executar com perfeição. Jerry pode estar morto, mas não seu legado.

Todas as músicas são originais, salvo por Blue Suede Shoes; standard clássico da música americana composto por Carl Perkins e interpretado por Elvis, Buddy Holly e outros; em uma versão mais lenta e "trippy", e Let's Go, Let's Go, Let's Go do grande Hank Ballard. Outro "cover" é uma versão diferente, um pouco mais lenta e cósmica de Appaloosa, do próprio Black Crowes (não sei decidir qual versão é melhor), que por sua vez é uma das minhas favoritas, a letra é fantástica.   O álbum inteiro é uma série de pérolas em sequência. Sem pausa, sem paz, sempre em frente, como toda boa viagem deve ser. Um álbum fantástico para qualquer um que goste do velho rock psicodélico da velha e finada era Flower Power.
- Nota: 5,0/5,0 (preciso resenhar um álbum ruim um dia desses)



O álbum é bem recente, então está difícil achar vídeos bons. Outro dia adiciono uns outros.



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