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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Como tomar no cu sem fazer sexo: analisando 50 Tons de Cinza (E. L. James - 2011)

Olá, você que ainda esbarra com esse canto obscuro e empoeirado da internet. Eu lancei um livro semana passada. Tá na Amazon. Talvez você goste de ler.

O link: https://tinyurl.com/yy394a8y

Meus agradecimentos a quem vier a comprar. Comprou? Leu? Gostou? Deixa lá um comentário pras pessoas ficarem sabendo que o livro é bacana.




Existem diferentes papéis que o erotismo pode exercer na literatura. Os principais, a grosso modo, seriam: transgressão, afetar o leitor psicologicamente usando descrições explícitas de atos sexuais, incomuns ou não, causando constrangimento ou, em maiores escalas, abalando costumes sociais – Marques de Sade poderia se encaixar nesse modo, assim como Georges Bataille (cujo clássico História do Olho supera, ainda nas primeiras dez páginas, toda a sacanagem contida em 50 tons de cinza; exemplo: uma moça de dezessete anos arrebenta um ovo com o cu), no entanto é válido apontar que o grau de erotismo necessário para transgredir é variável conforme o período em que vivia o escritor (uns diriam que a literatura de D. H. Lawrence é bastante recatada, mesmo assim, em seu tempo, ele foi banido, enquanto hoje é possível ver na internet duas mulheres vomitando e cagando uma na outra sem que haja investigações policiais e processos –; excitação, servir de meio sensual alternativo para pessoas que, no momento, não têm um parceiro disponível e precisam botar a mão na massa e buscar alívio solitário, ou usado para abastecer a criatividade de um casal entediado e reacender aquela pálida chama da fogueira de alcova; mais comum hoje seria o erotismo como consequência existencial, em que o autor inclui a vida sexual das personagens na narrativa porque elas são representações de seres humanos e seres humanos, em sua maioria, fazem sexo. Uma categoria separada seria a dos gênios que conseguem mesclar todas essas formas, gente como: Anaïs Nin e Henry Miller. De alguma maneira, o mais recente fenômeno da literatura erótica conseguiu falhar em todos esses aspectos.

Falo de 50 tons de cinza, a série de livros que, desde seu lançamento, vendeu 125 milhões de cópias mundialmente. Mais que praticamente tudo nas livrarias hoje em dia, com exceção dos lápis de cor. Meu objetivo com a leitura foi tentar identificar a razão disso. Em nenhum momento esperei gostar do livro. Não, estaria além das minhas capacidades. A ideia era encarnar um personagem e enxergar a história com os olhos do público-alvo. Ao fim das 400 e muitas páginas do primeiro volume, percebi que foi um exercício de futilidade. Seria impossível, contudo, explicar de uma vez porque o livro falha, por isso decidi dividir a análise em temas.

1. Narrativa

Para os que vivem em uma caverna e não sabem do que se trata 50 tons de cinza, segue um breve resumo do primeiro volume (único que li e lerei):

Formanda em literatura, Anastasia Steele tem 21 anos e é virgem. Ela divide um apartamento com uma amiga chamada Kate, que escreve pro jornal da faculdade e teria que entrevistar Christian Grey, bilionário de 27 anos e responsável por toda essa merda de livro. Como Kate está doente, Anastasia a substituiu. Por motivos de enredo, o ricaço pica das galáxias se apaixona pela folha de papel sulfite que o entrevista. Acontece que Christian é um sociopata e começa a perseguir Anastasia, aparecendo em tudo quanto é lugar que ela vai. Sempre que os dois se encontram ele diz que ela não deve se aproximar, que ele tem gostos peculiares que ela não conseguiria satisfazer e coisa e tal, mas tampouco ele deixa que ela se afaste. Anastasia, que tem idade mental de uma criança de 5 anos que nunca aprendeu a não falar com estranhos, em vez de chamar a polícia, fica intrigada com o “mistério” do Christian (não com o dinheiro e com a beleza, de forma alguma) e da sequência ao chove não molha que se prolonga por mais de 50 páginas.

Duas semanas depois, as coisas parecem avançar, e Christian leva a relação – que até então não passou de uns beijos, se chegou a tanto – para o próximo nível, mostrando para Anastasia o equivalente adulto de um homem estranho dentro de uma vã cheia de doces: um contrato regulando como se dará o relacionamento entre os dois, caso aconteça. Se você, leitor, é amante dos documentos legais, regozije-se, pois E. L. James incluiu todas as páginas do livro no contrato, para que você não perca nada.

Mas Ana não se sente confortável com certos aspectos do contrato – as partes que ele diz que vai controlar a alimentação dela, que ele pretende castigá-la sempre que ela o contrariar, que ele pretende enfiar o punho no cu dela… coisas típicas desses contratos legais, vocês sabem como é – e hesita em assinar. 

Os dois acabam seguindo a relação mesmo assim, deixando bem claro que aquelas tantas páginas do contrato que a autora forçou você a ler não servem para porra nenhuma. Ocorre então o despertar sexual de Anastasia – que eu cobrirei melhor durante a análise. 

As próximas 400 páginas envolvem apenas os dois fazendo sexo. De vez em quando Anastasia se questiona se está fazendo a coisa certa, mas logo passa – quando os dois transam de novo. E assim vai, até que ela leva uns tapas com muita força e faz aquilo que ela devia ter feito na primeira página: foge.

2. Qualidade literária

Dos muitos problemas em 50 tons de cinza, o mais aparente é a escrita. Estou certo de que E. L. James, antes desse romance, nunca escreveu nem uma mensagem de texto. Não é de surpreender que a base para esse livro tenha sido a série Crepúsculo. Alguém pode querer me dizer agora que é tudo uma questão de gosto. Bom, é e não é. Gostar do livro é uma questão de gosto, de fato. Isso não muda a qualidade geral da prosa. Nem tudo de que se gosta é bem-feito. Eu amo Sharknado, isso não quer dizer que seja um filme bom. (É ótimo.)

Desconsiderando erros de colocação temporal (por exemplo, em uma cena, Christian Grey liga de manhã para Anastasia, ela desliga o telefone e vai preparar o jantar – ou a ligação foi longa pra caralho, ou E. L. James esqueceu que horas eram e nenhum dos revisores se deu conta), e outras coisas mais técnicas, o livro ainda é cheio de repetições, déjà vus e frases mal construídas. Lógico que, se você gosta do livro, chances são que você não é assim tão ligada em literatura e não se importou com nada disso – por isso mesmo não pretendo entrar em detalhes sobre a qualidade da prosa. Agora não venha me dizer que um livro em que os personagens murmuram cinco vezes por página é bem escrito.

Se existem frases memoráveis ao longo do texto é pela hilaridade não intencional contida nelas. A genial: “Eu não faço amor. Eu fodo… com força.”, vem à mente de imediato, e o livro é permeado desses pequenos momentos de comédia literária, com frases esquisitas que nenhum ser humano diria, mas que aqui são consideradas sexy por algum motivo. Desde 1977 eu não li tantos “baby” em um livro, melhor seria que a tradutora chutasse o balde e escrevesse logo “broto” no lugar. O que me faz pensar que, para um cara que conseguiu se tornar um empreendedor de sucesso ainda jovem, sabe tocar piano clássico, pilota avião, sapateia, assobia e chupa cana ao mesmo tempo, ele é bem chato. Os dois nunca têm assunto. Toda a conversa deles se limita a trocas levemente irônicas de provocações – terminando, normalmente, em arrependimento para Anastasia, que passa as páginas seguintes temendo pela própria vida (porque o relacionamento deles é saudável) – que rapidamente se tornam cansativas e irritantes. É um desafio ler um terço do livro sem querer esganar os dois ou sem desejar que o helicóptero em que eles embarcaram caia. 

Pode parecer bobagem reclamar da maneira que as personagens falam, afinal são criações da autora e ela pode fazer o que achar melhor, mas não é assim que a banda toca. Quando nada na descrição da personalidade da personagem condiz com suas ações ou jeito de ser, isso é um problema de caracterização – erro literário típico de iniciante que não percebe que, por mais que fictícias, personagens são representações de seres humanos e precisam de liberdade. E essa é a melhor maneira de definir Anastasia. Ela é formanda em letras e é a primeira da classe – se não me engano, a essa altura as informações do livro estão sendo forçadas a se retirar da minha memória para dar espaço a coisas melhores. Isso deveria significar que ela não é de todo burra. Não é o caso. A garota é sequelada. Não compreende coisas que não poderiam estar mais claras. Isso poderia ser culpa de sua inocência virginal, só que o diploma em letras quer dizer que ela leu a maior parte dos clássicos da literatura americana e/ou inglesa, que inclui muita sacanagem e, mesmo que de segunda mão, experiência de vida. Inocência é uma coisa, crescer numa bolha emocional é outra. Rompimento de hímen, até onde eu sei, não causa queda de QI. Não quero me adiantar aqui porque mais será dito quando eu me pôr a analisar a relação dos dois.

Como quem narra a história é essa toalha molhada que atende pelo nome de Anastasia, o leitor está preso à mente limitada dela. E nunca na minha vida eu desejei tanto por um narrador onisciente. (Tem quem diga que preferiria uma narração do Christian Grey [o que aparentemente vai acontecer – prova de que o diabo existe e está entre nós], mas não, ele não resolveria essa limitação porque ele é tão limitado quanto ela – o mal está na raiz, a autora, que não poderia vir com uma boa narração mesmo que tivesse em mãos a melhor das personagens.) Como a terceira pessoa nunca surge para aliviar a mente do leitor, este é obrigado a passar as centenas de páginas ouvindo a voz patética dela falar e falar e falar e murmurar e murmurar, e, como se não bastasse, o texto ainda é cheio de interjeições infantis como “uau”, “meu Deus”, “minha nossa”, “cacete”, e variações. Puta merda – uso aqui meu direito de adicionar uma interjeição vazia. De vez em quando, ainda, a narração nos oferece acesso aos mais íntimos pensamentos de Anastasia – esses vêm em itálico. O que eles dizem: “o que é isso?”, “o que ele quis dizer?”, quem sou eu?, onde estou? Sim, porque Anastasia tem pensamentos muitos ativos. Sua mente é tão agitada que convive com duas entidades psicológicas, separadas da origem e autoconscientes, para as quais pretendo dedicar o próximo tema.

3. Os três patetas: Anastasia, Inconsciente e Deusa Interior

Personificações do Tico e Teco, as vozes na cabeça de Anastasia, que tornam o pensamento dela mais claro (?) e a leitura insuportável, são chamadas Inconsciente e Deusa Interior. Um passa a história insultando Anastasia enquanto o outro só se masturba. Antes que eu me adiante, vamos definir a personalidade dessas duas alucinações, sim?

Comecemos pelo Inconsciente porque, dos dois, é o que mais me emputece. Não se enganem, a Deusa Interior é tão ruim quanto, mas ela é o tipo de idiota inofensiva, enquanto o Inconsciente é uma demonstração do quanto a autora não estava preparada para escrever o horóscopo de uma revista de fofoca, que dirá um romance. Desde a primeira página, o Inconsciente serve como o bom senso, o lado inibitivo da “mente” de Anastasia, que, por sarcasmo mal escrito e tentativas sem graça de piadas autodepreciativas – afinal o inconsciente é parte de Anastasia, tenha ele consciência disso ou não –, tentam mostrar a ela que o que ela está fazendo é errado ou incompatível com a personalidade dela ou apontar um mal a ser evitado. Em termos psicanalíticos, é o Superego. Isso mesmo, caros leitores, uma das coisas mais presentes nesse livro é, por definição, um erro. É difícil explicar como isso aconteceu. E. L. James deve ter achado a palavra inconsciente bonita, então decidiu repeti-la o máximo de vezes possível ao longo do livro, sem nunca pesquisar no Google o seu significado. É verdade que o Superego não é de todo consciente, mas o de Anastasia parece ser, visto que ela tem um acesso muito claro a ele – e mesmo assim o chama de Inconsciente. Nenhuma das milhões de leitoras parou para pensar nesse detalhe? Não é preciso um diploma em psicologia pra perceber que tem algo errado. Então é isso, o Inconsciente é só essa coisa que passa o livro todo reprimindo Anastasia e sendo ignorado, tanto pela personagem quanto pelo leitor, que, inevitavelmente, passa a pular as frases em que ele aparece.

A Deusa Interior, por outro lado, é um tipo completamente oposto de chateação. Ela dança, comemora, pula etc. Mantendo a civilidade, ela é o Id da personagem. O impulso, a fonte da libido, os desejos e por aí vai. A Deusa Interior, sendo franco, é a vagina da Anastasia. Mas deus nos livre da palavra vagina aparecer no texto. A autora tem algum problema com qualquer menção nominal aos órgãos reprodutivos. É bem verdade que o uso de termos biológicos num livro de sexo pode fazer as cenas soarem como uma aula de anatomia, mas nem apelidos ela usa. Ela poderia ter vulgarizado de vez e soltado logo a boceta, ou, como pelo visto ela não tem medo do ridículo, lançar uma xoxota aqui e ali, até perseguida poderia ser perdoado em lugar da real escolha da autora. Não, ela tinha que fazer a personagem dizer coisas como “lá embaixo”, que não é nem um eufemismo digno. A mais ingênua das mulheres não usaria essa expressão. Lá embaixo é o que uma criança responde ao juiz quando ele lhe pergunta: “onde foi que o padre te tocou?” Mas eu estava falando da Deusa Interior. É que não tem muito a se falar sobre ela, por isso eu me perco nos meus pensamentos – deve ser meu inconsciente trabalhando. A Deusa Interior é o equivalente feminino do “pensar com a cabeça do pau”, nada além. 

Então o leitor é forçado, pelas quase quinhentas páginas, a ler dezenas e dezenas de breves reações do Inconsciente e da Deusa Interior aos pensamentos e escolhas de Anastasia. Que eu me lembre, os dois nunca se encontram. Eles sempre se dirigiam diretamente a Anastasia, nunca um ao outro, o que foi uma oportunidade perdida para muita galhofaria, tortadas na cara e dedos no olho, no maior estilo Moe (Inconsciente), Larry (Anastasia) e Curly (Deusa Interior). Nada disso muda o fato de que, se o editor tivesse passado a faca em todas as menções a essas duas criaturas, a leitura teria sido menos desagradável, pra começar porque isso cortaria pela metade o número de páginas. 

4. Falsa luz no fim do túnel e a raiz de todo o mal.

Então, já no último capítulo ou algo assim, eu me surpreendo. Pela primeira vez, Anastasia toma uma decisão acertada. Ela leva umas porradas do pica das galáxias e decide que chega, aquela vida não é para ela, os dois não devem mais se ver. Seria isso um sinal de amadurecimento?, E. L. James mostrando que não é só uma escritora incompetente, mas alguém com inconsciência, decidida a quebrar o formato padrão das histórias sobre meninas inocentes tentando mudar os homens terríveis por quem elas se apaixonam? Não, porque o livro tem duas continuações, logo não é necessário ler todos os volumes pra saber que ela volta atrás e ele promete mudar e os dois voltam a ficar juntos e se casam e têm dois filhos e meio e um Golden Retriever e então as agressões do pica das galáxias começam a ficar mais frequentes principalmente porque o corpo de Anastasia já não é aquilo tudo e a pica já não está explorando tão bem a galáxia fazendo umas aterrizagens de emergência ou não decolando e Anastasia desenvolve um vício em antidepressivos e analgésicos e as crianças descobrem a sala de jogos e o cachorro morre de câncer e finalmente eles terminam em um longo e doloroso processo de divórcio em que nenhum dos dois é visto como capaz de criar as crianças e os dois se suicidam. Eu posso sonhar; a autora não escreveu o que vem depois do felizes para sempre.

Pois é, por um momento eu quase vi algo que pudesse redimir essa história. Se ela tivesse ido embora e não tivesse continuação, o livro continuaria sendo uma merda mal escrita, mas teria uma razão de ser. Mostrar que não dá pra mudar um parceiro abusivo, que certas pessoas são incompatíveis, enfim, uma versão adulta da história. Se ela tivesse feito isso, com toda a honestidade, eu teria dito que o livro é uma merda. Do jeito que está, ele é uma merda ofensiva, insistindo que amor e persistência podem mudar uma pessoa. Receita para um desastre. E tem gente que acredita. Por mim, se as pessoas estivessem elogiando o livro porque todo mundo gosta de uma sacanagem, tudo bem. O livro é péssimo em sacanagem também, mas não vem ao caso, cada um com seus gostos. Mas daí a dizer que é uma história de amor, superação e o caralho à quatro, isso é intragável e, dependendo do quanto a leitora em questão realmente acredita nisso, prejudicial.

A maneira como as pessoas mais apaixonadas por essa história insistem que Anastasia se interessa por algo mais no seu Grey que os bilhões de dólares e a vara me intriga. Nada no livro dá a entender o contrário. De vez em quando Anastasia diz para si mesma que não é isso, mas ela não é capaz de definir o que é. E o pior de tudo, e que categoriza o abuso na relação, é que ela nem tem padrões comparativos adquiridos em relações passadas para ajudar a definir se o que ela está vivendo é bom ou não. Nada do que ela diz sobre o relacionamento é confiável, nem mesmo o tamanho do dote do ricaço. A mulher nunca nem se masturbou antes de transar com ele, como ela sabe que ele é tão grande assim? Ela não conhece nem os próprios dedos, porra. E mesmo que ele tivesse aquilo tudo, baseado nas descrições da autora, as proezas sexuais do cidadão não funcionariam na vida real. É que, pra sorte dele, ela guardou todos os orgasmos que ela não atingiu em sua vida adulta dentro de um armário na casa da Deusa Interior e ela é capaz de atingir cinco em sequência com o toque de uma pluma. Até a autora tem suas dúvidas sobre a capacidade do rapaz e vive se forçando a avisar as leitoras de que o que acabou de acontecer foi sexy, só para que não reste dúvidas.

Minha dica para Anastasia e qualquer outra moça que possa estar envolvida em um dilema desses na vida real é: se o cara aparece na loja em que você trabalha sem que você tenha dito para ele onde é, você pergunta como ele descobriu e ele responde que tem seus meios, ele compra corda, um taco de baseball, uma máscara de esqui e uma motosserra, e então te convida para sair, diga não. Então corra o máximo que suas pernas suportarem, mude de país ou compre algumas armas de fogo.

5. Conclusão.

O fato de que esse livro atingiu os números de venda que atingiu e se tornou tamanho fenômeno me impressionaria se as pessoas já não tivessem esse hábito de comprar livros ruins. É normal, temos aí Paulo Coelho, Dan Brown, Stephenie Meyer. Tudo que ela fez foi escrever um livro ruim com sexo. Fórmula para o sucesso. A surpresa é que demorou tanto tempo para acontecer.

Todas as leitoras que dizem amar esse livro por serem mulheres liberadas e bem resolvidas com a própria sexualidade, sinto em lhes dizer, mas não é verdade. Esse livro é literatura erótica para quem não gosta de literatura erótica, é sadomasoquismo para quem não sabe o que é sadomasoquismo, é sexo para quem não faz sexo. Ruim em todos os graus, tanto literários quanto eróticos, falhando em tudo aquilo a que se propõe fazer. Isso é tão claro que pode-se dizer que as pessoas que gostariam de ler 50 Tons de Cinza já leram, e aqueles que não gostariam perceberam pelo faro o lixo literário irredimível que é esse livro. A única coisa que eu gostaria de ler relacionado a 50 Tons de Cinza é a perspectiva da faxineira do senhor Grey. As coisas que essa mulher já deve ter visto e sofrido, isso sim é uma história.

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