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terça-feira, 30 de junho de 2015

Eduardo Galeano: Um vizinho latino-americano para se conhecer melhor

Estava pensando sobre o que escrever esse mês e estive quase certa que seria sobre a Chimamanda Ngozi Adichie, já que recentemente li o último livro que faltava para eu ter lido todos os livros dela publicados no Brasil, mas eis que os ventos mudaram de direção e o Eduardo Galeano surgiu no caminho.


No dia 18 desse mês de junho assisti a uma palestra que tinha como título esse que peguei emprestado para intitular minha postagem: "Eduardo Galeano: Um vizinho latino-americano para se conhecer melhor" e desde então estou entusiasmada para ler seus livros. Especialmente um de seus ensaios mais conhecidos: "As veias abertas da América Latina". Que foi escrito quando Galeano estava exilado em 1971, foi proibido em diversos países que passavam por regimes ditatoriais na época e mais de quarenta anos depois, continua sendo um livro importante para se compreender o cenário geopolítico, social e cultural da América Latina. É um livro de fácil compreensão, parecendo que se está tendo uma conversa com o autor, na qual, aprendemos muito mais do que em uma aula de história na escola.
Outro fato que também me despertou a atenção é que nesse ensaio, Galeano fala um pouco sobre Carolina Maria de Jesus:
" Carolina Maria de Jesus nasceu no meio da sujeira e dos urubus.
Cresceu, sofreu, trabalhou duro; amou homens, teve filhos. Num livrinho, anotava com letra ruim suas tarefas e seus dias".
Eduardo Hughes Galeano, nasceu em Montevidéu, Uruguai, no dia 3 de setembro de 1940 e faleceu no dia 13 de abril de 2015, portanto, viveu 74 anos. Nos deixou mais de quarenta livros e todos eles traduzidos para diversos idiomas.
Foi um grande fã de futebol. Escreveu em 1995 o livro "O futebol ao sol e à sombra", onde narra o final da Copa de 1950, na qual o Uruguai ganhou de 2x1 do Brasil no Rio de Janeiro.
Em seu livro " Mulheres", de 1997, que ele mesmo editou, reúne personagens femininas que tiveram relevância ao longo dos séculos. Neste livro está presente o seguinte microrrelato (percebam como é poético):
"eu adormeço às margens de uma mulher:eu adormeço às margens de um abismo".
 Galeano foi cronista, ensaísta, repórter, crítico e publicou obras distintas, mas, mais que tudo, foi um grande pensandor. Tinha uma forte relação com as palavras. Não por acaso a escrita ocupou a maior parte de seus anos. Nos aproximou do Universo, desde o micro até o macro. Tratou de temas variados: do futebol à política, abrangendo a Literatura, os direitos humanos, a liberdade de expressão, a importância da imprensa e as questões socioambientais; tudo isso sem ser panfletário, dando voz a quem não tinha, os que eram oprimidos por causa da religião, por questões sociais, econômicas, esportivas, sexuais.


Tendo esse texto apenas como um leve apanhado de quem foi Eduardo Galeano, me respondam: é ou não é um vizinho para se conhecer melhor?


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