Pier Paolo Pasolini foi a figura artística e política mais controversa e uma das mais influentes da Itália. Fez um pouco de tudo: poeta, romancista, diretor, roteirista, jornalista, filósofo, ensaísta, dramaturgo, ator, pintor etc. Sua obra não tinha medo de abusar da violência, sexualidade, crítica política e religiosa, tudo que não era muito bem aceito na Itália até não muito tempo atrás - imagine na década de 60 então. Por causa disso tudo, ele foi morto de forma até hoje não definida, atropelado por seu próprio carro. Quem fez isso? Na época diziam ter sido um moleque após uma tentativa de assalto, hoje é mais provável que tenham sido defensores do fascismo, não muito felizes com a influência comunista do poeta. Sua obra final e mais conhecida foi Salò, adaptação d'Os 120 Dias de Sodoma, de Marques de Sade - que eu nunca assisti e nem está nos meus planos (meu estômago ainda não está tão calejado - MANGIA!).
Teorema é um dos raros casos em que o filme e o livro foram lançados quase simultaneamente, pois são do mesmo autor. Queria esperar mais um pouco para fazer essa resenha, assim falaria de ambos, mas não acho que eu vou conseguir arranjar esse livro tão cedo. Mas vamos ao enredo logo de uma vez.
Uma família burguesa recebe uma misteriosa visita (Terence Stamp, conhecido como General Zod, Super man - O Filme, e um papel secundário em "Sim, Senhor"...pois é). Ele não recebe nome e nem sua identidade se torna muito clara, mas a família é levada a crer que ele é Deus. Aos poucos o visitante seduz cada um dos membros da família, começando com a empregada, Emilia (Laura Betti). Depois o filho, Pietro (André José Cruz Soublette); a mãe, Lucia (Silvana Mangano); o pai, Paolo (Massimo Girotti); e, finalmente, a filha, Odetta (Anne Wiazemsky, que já tinha trabalhado com Godard e Bresson). Quando ele vai embora, a família fica sem saber o que fazer, cada um tomando seu rumo em direção ao fim.
Tem tanto o que se discutir sobre esse filme, infelizmente eu acho que a melhor forma de assisti-lo é com o mínimo de conhecimento possível, para que as ideias que ele expõe possam atingir ao espectador da forma mais pura possível. Primeiro de tudo, esse filme não foca necessariamente na qualidade cinematográfica, portanto, embora seja um trabalho extremamente competente (principalmente no que se refere à trilha sonora), esse não é o foco da obra e, sim, a carga filosófica que ele carrega. Teorema é tão complexo que recebeu um prêmio do festival de Veneza como filme católico e, ao mesmo tempo, recebeu protestos do Vaticano que considerável seu conteúdo herético, principalmente tendo vista o sexo (tanto hétero como homossexual) representado. O mais interessante é que ambas as perspectivas poderiam ser aceitas, dependendo da interpretação e tolerância do espectador. Deixe-me explicar, sendo o visitante comparado a Deus, e considerando que a visita, até certo ponto, liberta a família do vazio da vida burguesa, esta poderia ser vista como uma mensagem religiosa. Contudo, nada indica que o visitante é Deus. Eu o interpretei como a paixão ou, simplesmente, a sexualidade. Isso não quer dizer que eu esteja certo, existem milhares de interpretações na internet, e cada um que assiste deve vir com suas próprias ideias, e essa é a intenção do filme.
O fim foi um tanto abrupto e eu acho que isso foi culpa minha por ter baixado o filme, mas não tenho certeza, talvez seja assim mesmo. Só que isso não atrapalha em nada, já que todas as ideias e linhas de narração já estavam fechadas. Se você está procurando um filme para te fazer pensar, esse é perfeito. Eu estava, sendo assim:
Nota: 5/5
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