Olá, você que ainda esbarra com esse canto obscuro e empoeirado da internet. Eu lancei um livro semana passada. Tá na Amazon. Talvez você goste de ler.
Meus agradecimentos a quem vier a comprar. Comprou? Leu? Gostou? Deixa lá um comentário pras pessoas ficarem sabendo que o livro é bacana.
Esse filme gerou notícia em 2012, né?, na época do lançamento. Mais ou menos. Acontece que duas das atrizes principais, aparentemente, são ex-estrelas adolescentes contratadas da Disney, Selena Gomez (interpretando a Faith) e Vanessa Hudgens (interpretando a Candy). Um monte de garotas adolescentes, fãs dessas duas atrizes, assistiram esse filme esperando sei lá eu o quê. Eu, nesse caso, sou meio que um oposto. Não faço ideia de quem são essas garotas, mas sei quem é Harmony Korine (ainda não sei se pra minha felicidade ou infelicidade). Sabia bem o que esperar e não fui surpreendido, ao contrário das mocinhas juvenis que tiveram suas infâncias demolidas.
Demonstração do poder feminino, disseram algumas feministas.
Pra quem não acompanhou a história toda, Spring Breakers (que no Brasil recebeu o "muito necessário" subtítulo de Garotas Perigosas, afinal por que não?) é a história de um grupo de jovens garotas que decidem viajar à Florida, durante o famigerado Spring Break dos EUA. Isso não traduz bem aqui no Brasil, mas lá eles têm um feriadão de primavera que, tradicionalmente, envolve viagens para a Florida, litoral sul do país, assim como o uso de drogas e todo o tipo de putaria que você possa imaginar. Faith (a religiosa, porque só esse nome não seria sutil o suficiente), Candy, Brit (Ashley Benson) e Cotty (Rachel Korine, sim, a esposa do diretor), decidem fazer essa viagem. Roubam um restaurante para arranjar dinheiro - exceto por Faith, que é uma moça de deus e nem sabia de nada disso - e se mandam para a Flórida, buscando diversão e liberdade e encontrando algo mais que isso.
A esposa do diretor.
Como eu disse, conheço Harmony Korine. Assisti clássicos como Trash Humpers (Encochadores de Lixo - tradução livre) e Ken Park (o filme com as cenas de sexo não simuladas e a asfixia autoerótica e o assassinato de velhinhos). Com isso eu quero dizer que tô vacinado. Você, menininha juvenil que não sabe do submundo do cinema, sinto muito que você tenha sido desvirginada com essa porra. Mas a culpa foi sua. É isso que dá se meter a ver um filme sem conhecer a obra do diretor. Dizer que esse filme é escroto, violento, cheio de drogas e sexo, é pleonasmo. É isso que o cara faz, ele pega o pior do ser humano e celebra, e transforma em "arte".
Se você é uma das adolescente que caiu na armadilha do filme, é a sua infância que eles estão cheirando.
De início eu estava pensando em ignorar esse filme, justamente por já ter uma ideia do que ele seria. Mas mudei de ideia quando via a forma que ele dividiu os críticos. Os que gostaram diziam que ele apresenta uma crítica social da classe média branca americana, dá poder à mulher, ironiza a cultura pop e a ideia do consumismo desenfreado. Os que não gostaram dizem que o filme é uma bagunça, indeciso, explora as mulheres, é racista e é mais estilo que substância.
É necessária uma legenda aqui?
Vi o filme e concordo com as críticas negativas. Eu até entendo os argumentos daqueles que gostaram do filme. Em alguns momentos, a crítica social parece estar presente, mas, conforme o "enredo" avança, ele mais parece uma celebração a essa cultura de consumo que uma crítica. Uma das resenhas negativas até apontou que a câmera passa pelo corpo das mulheres como uma língua, e eu não vi uma descrição mais precisa que essa até agora, nem pude pensar em nada melhor. É exatamente isso, cenas e mais cenas de corpos passando pra lá e pra cá. Nada contra, algumas das imagens dariam um bom clipe musical, mas chamar de ironia é forçar a barra.
Nem mesmo posso acusar Harmony Korine de ser pretensioso, porque ele está longe disso. Ele é só um cara que desde jovem desenvolveu uma certa visão para o cinema e seguiu com ela independente das críticas negativas ou positivas. Ele faz o que ele quer do jeito que ele quer. E essa é sua única motivação, um Id gigante segurando uma câmera. Harmony quis filmar um grupo de idosos mascarados encochando lixo, cometendo crimes e fazendo merda, foi o que ele fez. Harmony quis filmar um grupo de imitadores indo para uma ilha e fazendo merda, foi o que ele fez. Harmony quis filmar um grupo de adolescentes cometendo crimes e fazendo merda, foi o que ele fez. E ainda capitalizou nos corpos das menininhas da Disney que queriam de alguma forma desligar o nome delas das produções infantis, mostrando que são adultas ao fazerem coisas que adultos fazem, como cheirar cocaína (elas são presas por isso), roubar um restaurante (por algum motivo, não gerou consequências), assassinar uma gangue inimiga por completo usando somente um biquíni, uma máscara e uma metralhadora. Vocês sabem como é, coisa de adulto.
Resumo da obra. Se não me engano foi Godard quem disse que para fazer um filme basta uma mulher e uma arma.
É direito dele, até aí. Se ele quis chocar o grande público fetichizando figuras pop, bom pra ele. Acontece que o choque é limitado apenas aos que se importam com o que essas atrizes fazem da vida. O resto de nós, muito possivelmente, perceberá que o filme é uma fera sem dentes. É estabelecido bem cedo, quando Faith decide ir embora e consegue, que o caminho que elas estão seguindo tem volta. Não tem perigo, não tem consequência. Se a coisa apertar, vá embora. E o final só reforça essa fraqueza.
Nem tudo é ruim em Spring Breakers, no entanto. Não dá pra dizer que o estilo e o uso das cores não chama atenção. A cinematografia é muito boa, nas mãos de Benoît Debie (outro cara que as adolescentes não conhecem, o homem responsável por filmar a cena de estupro de 10 minutos em Irreversível). A trilha sonora causa dor de cabeça, mas me pareceu intencional, então ponto pro filme. E a atuação do James Franco, embora eu não simpatize nada com ele, é muito boa, surpreendentemente. Reza a lenda que o personagem dele, Alien - que se pronuncia Ay-leen, mas se escreve Alien porque foda-se, então eles continuam pronunciando como se fosse Alien; confuso, né?, pois é, desnecessariamente confuso -, foi baseado no rapper Riff Raff. Na verdade, Riff Raff seria o ator a interpretar esse personagem, mas no fim James Franco pegou o papel e imitou o cara. Riff Raff processou os criadores do filme, mas não deu em nada e não importa, o que eu ia dizer é que a interpretação do James Franco até que é muito boa, principalmente porque o personagem dele é o único que recebe uma personalidade, unidimensional que seja.
Essa cena foi engraçada, eu admito. Quase acreditei em toda história da sátira e da ironia depois dessa.
Com toda essa polêmica, a impressão que fica de Spring Breakers é a de um filme ruim, mas estilizado o suficiente para fazer alguns críticos tirarem sentidos dele que não existem. Não tem crítica. Dependendo da sua experiência cinematográfica, não tem choque. Só me deu uma puta dor de cabeça por causa da música pulsante, todos os moleques gritando, pulando e atirando bebida de baixo teor alcoólico um no outro, e as imagens rápidas e fragmentadas que mais parecem um amontoado de memórias de ressaca. Uma tentativa original, talvez, mas imatura demais pra causar qualquer impacto.
Essa deveria ter sido a terceira resenha de um filme do Jim Jarmusch aqui nesse blog, mas a resenha de Homem Morto (Dead Man, 1995), mas esta se recusou a sair, muito simbolismo para analisar em apenas uma assistida. Only Lovers Left Alive (sem título no Brasil ainda, mas pode acabar como algo entre Apenas Amantes Sobrevivem, Uma Família Sanguinária ou Vampiros Rock 'n' Roll; vamos torcer pela primeira opção, ou pela terceira para efeito cômico), mais recente obra do diretor que aos poucos está se tornando meu favorito entre os "atuais", é uma obra surpreendente acessível sobre vampiros, que estavam na moda até pouco tempo atrás, mas acho que já saíram.
Desde o século dezenove, Adam (Tom Hiddleston - Vingadores, Meia-Noite em Paris) e Eve (Tilda Swinton - Adaptação, Moonrise Kingdom) são casados. Embora nunca fique claro quando eles se conheceram ou quando se tornaram o que são, deixando apenas como dica algumas observações de Eve sobre o século quinze e sobre como Adam perdeu a diversão que foi a peste negra e a inquisição. Atualmente, Adam vive em Detroit, gravando músicas em segredo, para si próprio, em completa reclusão; Eve, em Tânger, Marrocos (lugar que tenho muita vontade de conhecer), cercada de livros e frequentemente visitando outro vampiro, o poeta e dramaturgo Christopher Marlowe (John Hurt - O Homem Elefante, Homem Morto -, no terceiro trabalho com Jarmusch). Não é porque os dois vivem separadamente, que se divorciaram ou deixaram de se amar, continuam sempre se falando por skype - pois é, olha os vampiros na modernidade - e compartilham uma conexão que só um casal de séculos compartilharia. Ainda assim, Adam está meio deprimido com a humanidade (zumbis, como ele chama os não-vampiros), então Eve vai lhe fazer uma visita para animá-lo e, quem sabe, levá-lo à Tânger de uma vez. Tudo se complica quando Adam, Eve e Christopher têm um sonho premonitório com a vinda da irmã de Eva, Ava (Mia Wasikowska - Jane Eyre e aquela versão desnecessária de Jack Sparrow e Alice no País das Maravilhas pelo Tim Burton), sumida por oitenta e sete anos, mas ainda uma jovem problemática.
Sendo direto, esse talvez seja o melhor filme de vampiros já feito, com exceção dos clássicos do terror, como Nosferatu e Drácula (aquele com o Bela Lugosi no papel principal), mas estes não são padrão comparativo já que são gêneros totalmente diferentes. Only Lovers Left Alive é um filme de vampiro sem gênero. Tá, pode ser visto como um romance, mas não é o foco. O conceito chave da obra, muito claramente, é a eternidade.
Logo de início somos apresentados com um fato sobre os personagens, eles são extremamente cultos. Como não seriam, afinal? Tempo não lhes faltou nem faltará. Mas a forma como isso é demonstrada é cheia de sutilezas e são esses detalhes que fazem o filme. Por exemplo, todos nós temos aqueles autores clássicos que tratamos como deuses, certo? O motivo disso é a impressão de intangibilidade que a vida deles nos dá. Não consigo imaginar como Lord Byron viveu, só conheço sua obra centenária, portanto tenho imenso respeito pelo que ele representa. Adam foi contemporâneo dele, jogou xadrez com ele, por isso pode dizer que ele foi um babaca pomposo. Shakespeare para mim é outro gênio intocável. Para Christopher Marlowe - outro detalhe interessante, esse personagem realmente existiu, apesar de não ser vampiro -, Shakespeare foi um analfabeto superestimado; compreensível visto que os dois nasceram do mesmo ano e muito da obra de Shakespeare foi inspirada no trabalho de Marlowe. Eve não só tem uma biblioteca vasta, mas também multilingual. Convenhamos, você leitor que me lê, se tivesse todo o tempo do mundo, não aprenderia também todos os idiomas só para poder ler livros em seu idioma original? Eve lê chinês, árabe, inglês, espanhol e esses são só os idiomas que eu identifiquei, e não se limitando apenas aos clássicos; em sua mala, ela carrega de Dom Quixote - um romance pioneiro do século quinze - até Infinite Jest - romance contemporâneo, de David Foster Wallace.
Ainda, mesmo tendo todo o tempo do mundo, eles parecem valorizá-lo mais que os mortais. Por isso Adam e Eve aplicam o termo zumbi para a humanidade. Quando Adam fica muito filosófico e questionador, Eve pede para que ele deixe de se preocupar com essas coisas e aproveito o que ele tem e sabe, faça música, dance com ela pela sala. E a forma que eles se dedicam às suas paixões, acho que essa foi a parte que mais me pegou no filme todo. Tantas vezes eu li um livro certo de que aquela leitura seria a razão de eu negligenciar mais tantas milhões de obras que eu nunca teria a chance de conhecer, sequer ouvir falar. E todos os dias eu descubro músicas novas (mesmo quando são antigas) e filmes e livros e formas de artes que nunca me tocaram antes mas por algum motivo passaram a tocar depois de um tempo ou depois de um artista (passei a ver a pintura de forma diferente após Jackson Pollock, Francis Bacon, Edward Hopper, René Magritte e Edgar Degas - esse último também mudou minha visão estética do balé). Literalmente, a cada segundo o ser humano tem potencial para aprender alguma coisa e esses vampiros tem segundos a dar com pau. Sem falar do espaço temporal que eles ocuparam. Nós falamos de Tesla, Darwin ou quem seja, Adam ouviu as teorias diretamente da boca dos teóricos. É um conceito fascinante, mesmo só na ficção.
O que me pareceu é que Only Lovers Left Alive é o primeiro filme inteligente com vampiros. Normalmente o vampiro é um monstro ou uma figura aterrorizante, aqui não. Eles têm instintos predatórios, mas, como disse a Eve, não estamos no século quinze. Um cadáver chupado até a última gota de sangue com uma marca de dentada no pescoço chamaria atenção; vários desses seria o caos. Por isso eles têm seus esquemas de movimentação de sangue. Sem falar que, na versão de Jarmusch, vampiros são suscetíveis às impurezas do sangue humano - doenças, drogas, álcool, tudo isso afeto o sangue e prejudica o vampiro dependendo das quantidades. Mas o que eu mais gostei de tudo, é que a história me pareceu mais uma carta de amor de Jarmusch para os seus próprios gostos. Como eu mencionei no parágrafo anterior, parece que ele percebeu a sua própria mortalidade e projetou seu desejo de poder aprender mais sobre o que ele gosta para sempre. Isso se demonstra na trilha sonora - em parte tocada pela banda do diretor, SQÜRL, outra parte compostas de músicas que ele gosta -, as referências literárias, as referências científicas e até uma referência à cogumelos (mais especificamente o famigerado Amanita muscaria), que o diretor passou a estudar após uma má experiência comendo um fungo selvagem.
Yasmine Hamdan - excelente cantora que eu só descobri por causa desse filme.
O filme acabou me saindo melhor do que o esperado. Já conheço alguma coisa da obra do diretor, por isso tinha minhas expectativas, mas algo me dizia que a banalidade do tema poderia fazer com que ele se perdesse, mas não. Poderia citar como defeito a falta de um objetivo na história. Não existe um começo meio e fim, tudo parece um grande meio, mas então reparei que pode ter sido proposital. O que é a vida imortal se não um grande meio, não é?
Senhoras e senhores, um alaúde; sem mais.
Os lados positivos seriam todo o resto. A beleza das cenas, a poesia do relacionamento entre Adam e Eve, a inteligência, a inventividade muito bem-vinda a esse gênero tão batido, a música, o fato de que Jarmusch nunca subestima a inteligência do espectador (exemplo: a palavra vampiro nunca é dita durante o filme), os detalhes da vestimenta e da aparência geral dos vampiros. Não vi defeitos, pronto.
Existe uma reputação que acompanha os livros do Thomas Pynchon que basicamente alertam que a leitura é uma missão. Já falei desse autor anteriormente, fora de resenhas, só porque ele é uma figura um tanto interessante, mas repetirei agora, aproveitando que finalmente decidi escrever sobre sua obra.
Thomas Pynchon é considerado pelo crítico literário Harold Bloom como um dos quatro melhores autores vivos dos EUA, junto de Don DeLillo, Cormac McCarthy e Philip Roth. Sua prosa varia entre o que os americanos chamam de cultura "high brow" e "low brow", que seria algo como erudito e popular, mais ou menos, enchendo o livro de jogos de palavras, personagens absurdos, referências obscuras e humor negro. O mais curioso é que ninguém sabe quem ele é. Depois que começou a escrever e ganhou notoriedade nos círculos literários com seu romance de 1973, Gravity's Rainbow, negligenciado pelo prêmio Pulitzer - os jurados descreveram a obra como obscena e decidiram não premiar ninguém aquele ano -, ele desapareceu, se recusando a dar entrevistas ou mesmo aparecer em fotos. Por um tempo surgiram boatos de que ele era uma reunião de vários autores, o que seria plausível considerando a pluralidade das vozes de seu trabalho, contudo ele tem amigos (autores como Salman Rushdie, para o qual Pynchon escreveu um artigo de defesa qual Rushdie foi condenado a morte pelo povo Islâmico devido ao seu Versos Satânicos, entre outros autores, incluindo o falecido Richard Fariña, que fez faculdade com Pynchon) e uma vida social ativa, somente escolhe por mantê-la privada. Só por isso o homem já recebe minha admiração.
Admiração que só aumentou quando eu li sobre o que se tratava Vício Inerente, uma sátira de livros de detetive, com um toque noir e uma porrada de LSD. Larry "Doc" Sportello é um detetive particular hippie, que passa os dias fumando maconha, transando por aí e viajando pelos flashbacks de LSD; vez ou outra também resolve uns casos de pequeno porte. Até que sua ex, Shasta, bate em sua porta pedindo para que ele investigue o sumiço do seu namorado, que por sua vez é um homem rico e casado, com um fetiche estranho por ter suas amantes desenhadas nuas em gravatas.
Em um cenário nostálgico permeado pelo smog de Los Angeles de 1973, Doc busca de alguma maneira resolver esse caso, ao mesmo tempo que sente falta dos velhos tempos em que os hippies estavam presentes de maneira ativa na sociedade. Com uma narração em terceira pessoa, com toques de fluxo de consciência e dezenas de distrações variando desde a maneira correta de cultivar um black power até as peculiaridades do saxofone na surf music, o leitor é levado por um torrencial de conspirações, divagações universais baseadas no ácido e paranoia.
Eu não sei. Só isso, terminei de ler esse livro faz uns seis meses, mas simplesmente não sei o que mais escrever sobre ele. Nem sei se tenho opinião formada. Porra, releia a sinopse que eu escrevi e tente montar na sua cabeça uma previsão do que seria a história. Difícil, né? Nem perca seu tempo, mesmo que você invente alguma coisa, estará errado. Vício Inerente é completamente imprevisível, mas não pelos mesmos motivos que os romances de mistério costumam ser. Acontece que, nesse livro, por mais linear e simples que seja, o absurdo das situações tornam tudo muito complicado de acompanhar. O que de maneira alguma é uma crítica negativa, afinal é tudo extremamente divertido. Não é porque você não vai fazer ideia do que está acontecendo, que você vai querer interromper a viagem, entende?
A força do livro está nos personagens. Doc Sportello é o chapado mais carismático que eu já vi/li desde The Dude (aquele do Grande Lebowski). E os conflitos verbais dele com o policial, Pé-Grande, já valem a leitura. Todos os diálogos, na verdade, devem ser destacados pela oralidade e voz particular dos personagens.
"Em teoria, Doc sabia que se, por algum motivo que não conseguia imaginar assim de imediato, ele quisesse ver qualquer outro Pé-Grande, fora das câmeras, fora do trabalho - até casado e com filhos, pelo que Doc podia imaginar, teria de olhar através e por sobre esse detalhe deprimente. 'Casado, Pé-Grande?'
'Desculpa, você não faz o meu tipo.' Ele ergueu a mão esquerda para exibir um anel de casado. 'Você sabe o que é isso, ou elas não existem no Planeta Hippie?'
'E-e-e, você tem, assim, filhos?'
'Espero que isso não seja alguma ameaça velada hippie.'
'É só que... nossa, Pé-Grande! Não é estranho, nós dois aqui com esse poder misterioso de estragar o dia um do outro, e a gente nem sabe nada sobre o outro?'" (trecho de um trecho da contracapa.)
A única coisa que me impediu de dar uma nota máxima ao livro foi o enredo. Preciso reler antes de escrever qualquer opinião conclusiva, mas a história em si não oferecia nada substancial além dos montes de bizarrice chapada. Divertido, sem dúvida, mas deixando um gosto de "e..." na última página nem um pouco agradável. Me aliviei ao pesquisar na internet e ler que esse é o livro menos aclamado de Pynchon, conhecido pelos críticos até como um Pynchon Lite, perfeito para iniciantes com medo de se assustar. Acontece que eu peguei a obra querendo me assustar um pouquinho.
Não ajudou também a tradução. É ótima, deixada nas mãos do Caetano Galindo, mas que tomou umas decisões no mínimo inconsistentes ao longo da obra. Por exemplo, ele traduz a alcunha do tenente-detetive Bjorsen para Pé-Grande, ao invés de deixar Bigfoot, mas não traduziu o acrônimo OPPOS, mencionado no livro como um termo do ramo imobiliário. Precisei pesquisar no google, que por sorte tem uma wiki dedicada a obra do Pynchon, cheia de explicações das referências e termos obscuros, dizendo que o significado do termo era Overpriced Piece of Shit. Difícil de traduzir, de fato, talvez impossível de traduzir e manter o acrônimo, mas uma nota do tradutor não faria mal. Entendo que uma nota dessas é, para um tradutor, o mesmo que um comediante explicando piada, mas é Thomas Pynchon, Galindo, seríamos compreensivos, prometo.
Sugeriria o livro para aqueles curiosos para conhecer o Pynchon, mas que não estejam com cabeça para nada complicado. De qualquer forma, acrescentaria que, para os fluentes em inglês, pode valer mais a pena ler no idioma original. Repito, a tradução é boa, mas o principal na obra de Pynchon é a linguagem, cheia de jogos de palavras e até letras de música inventadas para satirizar a época. Os futuros livros desse autor e mesmo Vício Inerente, caso queira uma releitura, lerei em inglês. Apenas tenha noção de que a viagem é turbulenta.
Nota: 4/5 (ia ser 3,75, mas percebi que o livro foi melhorando na minha concepção conforme o tempo passava.)
A editora, Companhia das Letras, disponibiliza um trecho em pdf no site deles para os curiosos:
E, na época do lançamento, saiu um vídeo no Youtube, gravado pela Penguin, em que Doc Sportello fala um pouco sobre o livro. Reza a lenda que a voz de Doc é a voz de Thomas Pynchon, de verdade, seria um dos poucos registros da voz do autor, possivelmente o único.
Também está previsto para esse ano o lançamento da adaptação cinematográfica de Vício Inerente, dirigida por Paul Thomas Anderson (Boogie Nights, Magnolia, O Mestre, Sangue Negro...), com uma porrada de gente no elenco: http://www.imdb.com/title/tt1791528/
Então, se você se ficou interessado e quer ler antes do lançamento do filme, agora é a sua chance.
Sinto falta dos dias que cinema e shopping eram coisas distintas. Admito que não vivi plenamente esses tempos, era muito jovem, mas tenho vaga lembrança nostálgica dos dias em que ir ao cinema era de fato ir ao cinema, não sair para comer alguma coisa, passar numas lojas, então, no fim da noite, ver o que está passando e talvez pegar uma sessão. Na minha cidade natal ainda restava um cinema emancipado, antigo, sobrevivente de tantas reformas. Mas aqui em Itajaí, nem preciso dizer nada, já basta que Gravidade tenha sido a primeira estréia relevante de 2013, e que aqui só chegou semana passada.
Fui assistir de qualquer forma. Não me importava que tivesse saído de cartaz no resto do Brasil em novembro do ano passado, nem que ele já estivesse disponível na internet e na maior parte das locadoras que ainda resistem em existir. Cinema foi se tornando um ritual religioso para mim, praticamente. Todo o processo, da escolha da fileira até a cadeira de ângulo ideal, tudo uma cerimônia. Parte disso é estar sozinho. Não me importa que eu tenha com quem ir, até mesmo quando estou namorando ou coisa assim, não me importa, vou uma vez com a pessoa e depois volto sozinho, caso pense que o filme é digno, só para prestar meus respeitos.
Eram oito e dez da noite quando eu cheguei no shopping. A sessão começava às nove, percebi que tinha saído de casa cedo demais. Comprei o ingresso e tinha cinquenta minutos para matar, o que no shopping Itajaí pode ser uma eternidade. Uma volta tem exatamente o tempo de duração que a palavra volta remete, uns três minutos. As lojas estavam todas abertas, mas poderiam não estar. Vendedores revezavam o posto de vigia em frente às entradas, sorrindo para os passantes, esperando que alguém entrasse. Por dentro, era possível ver uma pessoa comprando nas lojas de maior sorte, mas o comum era ver o caixa apoiando a cabeça com as duas mãos e os olhos semi-abertos encarando um ponto fixo.
Não pensem que o shopping estava vazio, pois era bem o contrário. Tinham várias pessoas vagando pelos corredores, sentadas nos bancos com seus pares, mas o movimento mesmo estava na praça de alimentação. Todas as franquias, até as mais obscuras, com fila de clientes para atender. Quase todas as mesas ocupadas, com exceção das últimas duas, que ficavam logo em frente à bilheteria e foi onde decidi me instalar. Cinco minutos ainda não tinham passado desde a minha chegada.
Teria sido menos pior se meu bom senso tivesse trazido um livro para a espera, mas não. Atrás de mim uma senhora tentava convencer um casal jovem de cair num desses esquemas de pirâmide. Só ela falava, sem interrupção ou pausa, durante todo o tempo que fiquei esperando e até mais que isso; não sei quando eles foram embora. O discurso era o de sempre, você recebe tantos dos nossos produtos, mas eles praticamente se vendem sozinhos; o que dá dinheiro mesmo é quando você traz novos representantes para a empresa, e aí sim que o dinheiro trabalha pra você; não tem que se preocupar com horários, você é seu chefe, você faz seu expediente do conforto da sua casa; sim, mas o dinheiro trabalha pra você, vocês vão ter tempo um para o outro. Era uma metralhadora. O casal ou era muito tímido ou estava tirando uma com a cara da mulher, porque eles não falavam nada que eu pudesse escutar.
Decidi tomar um chopp. Fui até a franquia mais vazia. As opções eram Heineken ou Eisenbahn; já não tomo Heineken faz tempo, sou contra. Uma coisa meio besta de se protestar, mas não gostei de saber que eles compram pequenas cervejarias da Irlanda só para fechá-las, me parece um desrespeito cultural. Além do mais, Heineken tem um dos gostos mais genéricos de cerveja, perdendo somente pra Skol e Budweiser, que estão mais para água que qualquer outra coisa. Iria contra todo o conglomerado Heineken, mas isso incluiria umas 140 marcas, o que é demais pra mim, sou contra só a marca principal. De qualquer forma, peço meus 500ml de Eisenbahn e volto para minha mesa, surpreendentemente ainda desocupada. Bebi virado de frente para a praça, vendo todas as mesas e amontoados de pessoas conversando e comendo e andando de um lado para o outro. Uma versão acústica e sem sal de uma música do Nirvana vinha de algum lugar, mas não teria como descobrir de onde, parecia vir de dentro da minha própria cabeça de tão ambiental que era. Um grupo de adolescentes passa do meu lado. Tinha os visto antes encostados na vitrine de uma loja de piercings e tatuagens. Pareciam bem mais normais do que eles próprios se imaginavam ser, com exceção de um, que decidiu entrar na moda de raspar as laterais da cabeça deixando somente o topo subir como um pasto de espinhos. Ele era quem mais me incomodava no shoppíng inteiro, e parecia onipresente, o avistei na entrada, no tatuadouro e agora na praça de alimentação também - moleque esquisito. O copo vazio e não são oito e meia. Pedi mais um.
Formou-se uma pequena fila na bilheteria, coisa de três casais. Outras pessoas foram passando também e comprando seus ingressos, devia eu ter chegado a essa hora também, mas, em retrospecto, o chopp caiu bem naquela noite quente. Uma pena que já não tivesse chance daquela sessão ser particular.
O maior problema do cinema Itajaí não é nem a indisponibilidade dos filmes, o maior defeito está na sala. Caminhei a passos lentos pelo corredor ao lado das cadeiras, olhando para o telão - que de ão tem muito pouco. A sala não tem degraus, apenas uma rampa com um levíssimo ângulo de inclinação que mal dá pra perceber a diferença de altura de uma fileira para a outra. Da última fileira, a tela parece uma televisão; da primeira, parece um telão, mas boa sorte tentando endireitar o pescoço depois do filme, e, se chover após a sessão, pode ter certeza que vai acabar se afogando.
O projecionista também não é bem certo. Em todos os filmes que vi, não teve uma vez que ele tenha conseguido enquadrar a imagem corretamente no telão de primeira. Os segundos iniciais sempre aparecem com a metade de baixo cortada e murmurinhos impacientes como zumbidos de abelhas barítonas ressoando pela sala recém-escurecida. Então ele corrige a altura e todos suspiramos de alívio ao mesmo tempo.
Isso poderia ter prejudicado a experiência do cinema, mas não. Não Gravidade. Um filme de enredo aparentemente tão simples. Dra. Ryan (Sandra Bullock) é engenheira médica em missão, consertando uma estação espacial, quando ela e sua equipe recebem um alerta da Nasa de que um míssil soviético atingiu um satélite e os escombros estariam viajando em direção a eles, no entanto não deveriam passar muito próximo e nem muito cedo. Poucos segundos depois, percebe-se que o primeiro satélite iniciou uma reação em cadeia, atingido outros objetos que também formavam escombros, esses os acertariam em cheio. Tentam fugir, mas não dá e tudo é destruído. Um dos membros da equipe morre, e os outros dois se separam, com Ryan circulando sem rumo. O outro membro, Kowalski (George Clooney), sendo mais experiente, consegue achá-la e a carrega consigo até a estação espacial que ainda está inteira. Ele, porém, não tem combustível suficiente, por isso solta Ryan para que ela se salve, sozinha no espaço, fora da área de contato com a NASA.
Tem seus clichês. Kowalski é o famoso mentor cumprindo seu último dia de trabalho antes da aposentadoria. É incrível como tudo sempre acontece no último dia de trabalho. E o roteiro num geral não experimenta com forma, apesar de seus simbolismos e ambiguidades aqui e ali. A maravilha fica mesmo nos efeitos visais, mas, talvez pela primeira vez na minha vida, não falo isso de forma cínica e indicando superficialismo.
Os efeitos e edição de Gravidade são tão complexos que eu tenho dificuldade em imaginar como a obra foi filmada. As cenas são longas, com poucos cortes e sempre muito sutis, quase não se percebe a movimentação da câmera e toda a agitação parece partir mais das imagens, o que é raro nessa época em que a moda é manusear a câmera como uma vítima de mal de Parkinson.
Sou um cético do 3-D, daqueles que implicam com filmes cheios de CGI ou que confiam muito nos efeitos ao invés de um enredo sólido e bem escrito. Gravidade mudou minha visão e, imagino, que a de muitos outros. Pela primeira vez, lembrando que vi o filme em 2-D e em tela relativamente pequena, pude sentir o quanto eu perdia por não estar com os óculos 3-D em certas cenas, principalmente as "em primeira pessoa". Enquanto, antes de Gravidade, cinema 3-D era basicamente dominado pelos grandes blockbusters, animações e filmes de super-herói, Gravidade aparece com intenções artísticas e, mesmo perdendo a mão e caindo em banalidades de vez em quando, consegue gerar uma obra digna de todos os elogios que anda recebendo.
Ainda assim, esse filme tem uma história e eu não pude me dizer tocado por ela. Sim, as idas e vindas da sorte da Dra. Ryan conseguem brincar com os nervos do expectador, mas daí a dizer que ela se torna uma personagem profunda seria um exagero. Dra. Ryan saiu justamente daquela cartilha de como criar uma personagem mulher de meia idade. Jogue uma carreira de sucesso, um acidente trágico na família, um período de depressão seguido de mudança brusca de atitude e, boom!, temos nossa protagonista. E Kowalski não é nem um pouco melhor, visto que ele é Clooney, basicamente - Clooney-Astronauta dessa vez.
Mas eu não posso dizer que me incomodei. Saindo do cinema, junto com aquele punhado de gente, diria que estava tão tomado por aquela sequência torrencial de beleza trágica quanto todos os outros, que saiam dizendo para seus pares o quão emocionados estavam, com o coração ainda acelerado pelos infortúnios da Dra.
A comparação mais comum que eu ouvi foi que Gravidade é um Náufrago no espaço. Achei injusto. Náufrago é sobre um homem largado na natureza, sem chances de volta. Assim como a Dra. Ryan, ele luta para sobreviver, mas de forma diferente. Gravidade não é uma luta pelo próprio bem estar, mas uma jornada. Ryan está sempre caçando, indo de ponto A a B, buscando escapatórias. Me lembrou mais de o Velho e o Mar, nesse sentido. Uma espécie de Velho e o Mar bagunçado. Enquanto Santiago lutava para pegar seu peixe e depois trazê-lo de volta a terra firme, ao mesmo tempo que tendo de brigar com tubarões, além de suas próprias limitações físicas, Ryan luta contra os tubarões primeiro (fogo, falta de combustível, escombros espaciais etc.) para poder alcançar e pegar o peixe (a Terra). Servindo também, tanto um quanto o outro, como uma metáfora para a vida humana, sendo O Velho e o Mar uma versão pessimista, e Gravidade uma versão otimista, dependendo das interpretações.
O enredo não valeria de nada, no entanto, se não fosse a atmosfera. Se não fosse a tremenda solidão das cenas longas e vazias, se não fosse o silêncio que dominava determinados momentos. A música me foi inexpressiva. Verdade que é complicadíssimo para um músico escrever uma pessoa toda atmosférica e não baseada em uma melodia comum, mas, repito, o impacto é maior quando ela não se faz presente, quando todo o som para, quando nada mais compartilha a tela com Ryan além do espaço.
Com todos os defeitos que possa ter, Gravidade é um filme angustiante, merecedor de ser tido como um dos melhores de 2013, mesmo que não seja de fato o melhor. A obra mistura emoções com maestria e sabe muito bem quando usar cada uma delas e, eu insisto, os efeitos visuais vão mudar a forma como certas obras de arte são feitas. Gravidade, em resumo, é o divisor de águas que Avatar queria ter sido.
É época de Oscar, né? Eu sinceramente estou pouco me fodendo para o resultado, mas acontece que eu gosto de fazer previsões, sério, apostaria dinheiro, se tivesse para apostar. Adianto que não vi quase nenhum dos filmes que estão concorrendo, nem tenho conhecimento técnico para fazer escolhas lógicas, de qualquer forma, acho que conheço os padrões do Oscar e tenho uma ideia de como cada filme é, por isso vou fazer minhas escolhas e ver quantas acerto.
Melhor Filme
Nomeados:
Trapaça (2013)
Capitão Phillips (2013)
Clube de Compras Dallas (2013)
Gravidade (2013)
Ela (2013)
Nebraska (2013)
Philomena (2013)
12 Anos de Escravidão (2013)
O Lobo de Wall Street (2013)
Minha previsão: 12 Anos de Escravidão. Não vi, mas sei da história. De todos os nomeados, é o que foi mais universalmente aclamado, além de ser um relato detalhado e brutal da escravidão, o que é sempre material de Oscar; melhor ainda por se tratar de um relato no ponto de vista de um escravo, não acho que existam muitos desses.
Melhor Ator
Nomeados:
Christian Bale for Trapaça (2013)
Bruce Dern for Nebraska (2013)
Leonardo DiCaprio for O Lobo de Wall Street (2013)
Chiwetel Ejiofor for 12 Anos de Escravidão (2013)
Matthew McConaughey for Clube de Compras Dallas (2013)
Difícil...Vou dizer Leonardo DiCaprio. As outras performances foram tão chamativas quanto a dele, mas sei lá, ele parece o mais rejeitado da lista. Acho que a Academia vai compensar, muito embora eu discorde da maioria e não ache que ele tenha merecido um Oscar até agora.
Melhor Atriz
Nomineadas:
Amy Adams for Trapaça (2013)
Cate Blanchett for Blue Jasmine (2013)
Sandra Bullock for Gravidade (2013)
Judi Dench for Philomena (2013)
Meryl Streep for Álbum de Família (2013)
Cate Blanchett, sem discussão.
Melhor Ator Coadjuvante
Nomeados:
Barkhad Abdi for Capitão Phillips (2013)
Bradley Cooper for Trapaça (2013)
Jonah Hill for O Lobo de Wall Street (2013)
Michael Fassbender for 12 Anos de Escravidão (2013)
Jared Leto for Clube de Compras Dallas (2013)
Essa eu nem sei. Vou chutar Jared Leto.
Melhor Atriz Coadjuvante
Nomeadas:
Sally Hawkins for Blue Jasmine (2013)
Julia Roberts for Álbum de Família (2013)
Lupita Nyong'o for 12 Anos de Escravidão (2013)
Jennifer Lawrence for Trapaça (2013)
June Squibb for Nebraska (2013)
Hmm...outra bem difícil. Teria sido mais fácil se eu tive assistido algum desses filmes além de Blue Jasmine, mas, entendam, parte do desafio aqui é fazer as previsão às cegas. Sally Hawkins não me impressionou, não simpatizo com a Julia Roberts e acho a Jennifer Lawrence superestimada (o melhor papel dela foi em Inverno da Alma, e só). Lupita Nyong'o leva meu voto.
Melhor Diretor
Nomeados:
Alfonso Cuarón for Gravidade (2013)
Steve McQueen for 12 Anos de Escravidão (2013)
David O. Russell for Trapaça (2013)
Martin Scorsese for O Lobo de Wall Street (2013)
Alexander Payne for Nebraska (2013)
Esse é mais complicado porque não tem um nome aí que não mereça. Vou fazer uma resenha de Gravidade mais tarde, está quase no fim, e eu sinceramente não sei como algumas cenas foram feitas de tão impressionante que é o filme. Voto em Steve McQueen, o cara sabe filmar, só não recebeu nada até hoje porque lhe faltava substância. Pronto, 12 Anos foi substância.
Melhor Roteiro Original
Nomeados:
Trapaça (2013): Eric Singer, David O. Russell
Blue Jasmine (2013): Woody Allen
Ela (2013): Spike Jonze
Nebraska (2013): Bob Nelson
Clube de Compras Dallas (2013): Craig Borten, Melisa Wallack
Não vai ser, mas quem merece é Ela, então voto em Ela.
Melhor Roteiro Adaptado ou Continuação
Nomeados:
Antes da Meia-Noite (2013): Richard Linklater
Capitão Phillips (2013): Billy Ray
12 Anos de Escravidão (2013): John Ridley
O Lobo de Wall Street (2013): Terence Winter
Philomena (2013): Steve Coogan, Jeff Pope
O Lobo de Wall Street, porque não recebeu muitos prêmios ainda.
Melhor Animação:
Nomeados:
Os Croods (2013)
Meu Malvado Favorito 2 (2013)
Ernest et Célestine (2012)
Frozen: Uma Aventura Congelante (2013)
Vidas ao Vento (2013)
Tá aí uma categoria da qual eu não entendo nada. Vidas ao Vento e Ernest et Célestine me atraíram muito, mas é difícil um filme estrangeiro levar a estatueta fora da sua categoria específica. Vou dizer Frozen, mas só porque é o mais provável.
Melhor Filme de Língua Estrangeira
Nomeados:
Alabama Monroe (2012): Felix Van Groeningen(Belgium)
L'image manquante (2013): Rithy Panh(Cambodia)
The Hunt (2012): Thomas Vinterberg(Denmark)
A Grande Beleza (2013): Paolo Sorrentino(Italy)
Omar (2013): Hany Abu-Assad(Palestine)
Esse me surpreendeu. Não só não vi nenhum desses filmes, como também foram totalmente contra a minha expectativa. Nos últimos anos essa categoria tem surpreendido, então acho que o favorito é The Hunt, do Vintenberg, por isso voto em A Grande Beleza.
Melhor Cinematografia
Nomeados:
Gravidade (2013): Emmanuel Lubezki
Inside Llewyn Davis - Balada de Um Homem Comum (2013): Bruno Delbonnel
Nebraska (2013): Phedon Papamichael
Os Suspeitos (2013): Roger Deakins
O Grande Mestre (2013): Philippe Le Sourd
Todos esses tem um visual excelente. Vou em Gravidade. Parte de mim é contra dar um prêmio de fotografia para efeitos de computador, mas não tem como discutir.
Melhor Edição
Nomeados:
12 Anos de Escravidão (2013): Joe Walker
Trapaça (2013): Alan Baumgarten, Jay Cassidy, Crispin Struthers
Gravidade (2013): Alfonso Cuarón, Mark Sanger
Capitão Phillips (2013): Christopher Rouse
Clube de Compras Dallas (2013): Martin Pensa, John Mac McMurphy
Gravidade. Como eu disse, tem cenas que eu não faço ideia de como foram feitas, o filme quase não tem cortes ou tem cortes imperceptíveis. A edição é perfeita.
Melhor Design de Produção
Nomeados:
12 Anos de Escravidão (2013): Adam Stockhausen, Alice Baker
Trapaça (2013): Judy Becker, Heather Loeffler
Gravidade (2013)
O Grande Gatsby (2013): Catherine Martin, Beverley Dunn
Ela (2013): K.K. Barrett, Gene Serdena
Muita cara de pau a minha chutar um vencedor para um prêmio que eu mal conheço o significado. Vai para Trapaça, porque não dei nada para esse ainda (esclarecedor esse post não é minha gente, espero que vocês estejam anotando cada um dos meus insights cinematográficos).
Melhor Figurino
Nomeados:
Trapaça (2013): Michael Wilkinson
O Grande Gatsby (2013): Catherine Martin
12 Anos de Escravidão (2013): Patricia Norris
O Grande Mestre (2013): William Chang
The Invisible Woman (2013): Michael O'Connor
Não faço ideia. 12 Anos, porque foda-se.
Melhor Maquiagem
Nomeados:
Clube de Compras Dallas (2013): Adruitha Lee, Robin Mathews
Jackass Apresenta: Vovô Sem Vergonha (2013): Steve Prouty
O Cavaleiro Solitário (2013): Joel Harlow, Gloria Pasqua Casny
Clube de Compras Dallas, porque fodam-se esses outros dois filmes.
Melhor Trilha Sonora
Nomeados:
A Menina que Roubava Livros (2013): John Williams
Gravidade (2013): Steven Price
Ela (2013): William Butler, Andy Koyama
Walt nos Bastidores de Mary Poppins (2013): Thomas Newman
Philomena (2013): Alexandre Desplat
Eu gostei muito do uso da música, ou não uso, em Gravidade, mas não sei se é premiável. Walt nos Bastidores de Mary Poppins tem título de filme que ganha Oscar de trilha sonora, vai pra eles. Só quero que alguém me explique como Inside Llewyn Davis não foi indicado - talvez porque as músicas usadas não sejam originais...
Melhor Canção Original
Nomeados:
Meu Malvado Favorito 2 (2013): Pharrell Williams( "Happy")
Frozen: Uma Aventura Congelante (2013): Kristen Anderson-Lopez, Robert Lopez("Let It Go")
Mandela: Long Walk to Freedom (2013): Bono, Adam Clayton, The Edge, Larry Mullen Jr., Brian Burton("Ordinary Love")
Alone Yet Not Alone (2013): Bruce Broughton("Alone Yet Not Alone")
Ela (2013): Karen O("The Moon Song")
Gostei da música de ela, é bem simples, mas diz bastante. A voz meio ruim da Scarlett também combinou com o tom. Vai pra essa, porque não ouvi as outras e música de filme de animação vem tudo da mesma forma.
Melhor Mixagem de Som
Nomeados:
Gravidade (2013): Skip Lievsay, Niv Adiri, Christopher Benstead, Chris Munro
O Hobbit: A Desolação de Smaug (2013): Christopher Boyes, Michael Hedges, Michael Semanick, Tony Johnson
Capitão Phillips (2013): Chris Burdon, Mark Taylor, Mike Prestwood Smith, Chris Munro
Inside Llewyn Davis - Balada de Um Homem Comum (2013): Skip Lievsay, Greg Orloff, Peter F. Kurland
O Grande Herói (2013): Andy Koyama, Beau Borders, David Brownlow
Ah, agora sim. Gravidade, por causa daquilo que eu falei do uso da música.
Melhor Edição de Som
Nomeados:
All Is Lost (2013): Steve Boeddeker, Richard Hymns
Capitão Phillips (2013): Oliver Tarney
Gravidade (2013): Glenn Freemantle
O Hobbit: A Desolação de Smaug (2013): Brent Burge
O Grande Herói (2013): Wylie Stateman
Gravidade de novo.
Melhores Efeitos Visuais
Nomeados:
Gravidade (2013): Timothy Webber, Chris Lawrence, David Shirk, Neil Corbould
O Hobbit: A Desolação de Smaug (2013): Joe Letteri, Eric Saindon, David Clayton, Eric Reynolds
Homem de Ferro 3 (2013): Christopher Townsend, Guy Williams, Erik Nash, Daniel Sudick
O Cavaleiro Solitário (2013): Tim Alexander, Gary Brozenich, Edson Williams, John Frazier
Além da Escuridão: Star Trek (2013): Roger Guyett, Pat Tubach, Ben Grossmann, Burt Dalton
É sério que vai ter competição? Dá logo o prêmio pra Gravidade, porra.
Não falarei de documentário nem de curta-metragem porque seria abusar da paciência do leitor. Esses filmes aí eu posso não ter visto todos, mas sei do que se tratam.
Tão aí minhas apostas. Amanhã veremos se meu chute é forte conhecimento é tão vasto.